Correio Braziliense
Um flagrante feito por um fotógrafo da Associated Press, diante da Embaixada do Equador, em Londres, revelou os planos da Scotland Yard — a polícia britânica — para o fundador do site WikiLeaks. Um documento, classificado como restrito, intitulado “Decisões” e escrito de próprio punho, determina que os agentes prendam Julian Assange “sob todas as circunstâncias”, caso ele abandone o prédio. O papel estava em uma pequena prancheta, nas mãos de um policial. “Ação requerida — Assange tem que ser preso sob todas as circunstâncias. (Caso) Ele saia com imunidade diplomática, seja em mala diplomática, em carro diplomático. PRESO. Discutir possibilidades de distração”, afirma o texto. “Eu apenas fiz a foto, não muito mais do que isso. Eu não tinha ideia da repercussão que ela teria”, disse Lewis ao Correio, por meio do microblog Twitter.
Por e-mail, Michael Ratner, advogado de Assange nos EUA, lembrou à reportagem que seu cliente, na condição de asilado, é uma pessoa “protegida internacionalmente, e o Reino Unido deve garantir sua ida segura para o Equador”. “Esse documento piora o tema e é categoricamente contrário ao direito internacional. Uma detenção sob todas as circunstâncias, ainda mais sob imunidade diplomática, é uma violação egrégia das proteções internacionais. Seria um ato de marginal”, afirmou ao Correio.
A ordem de prisão contra Assange foi divulgada no mesmo dia em que os chanceleres e representantes de 34 países-membros da Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovaram uma resolução de “solidariedade e apoio” a Quito. O texto pede que se “rejeite qualquer tentativa que ponha em risco a inviolabilidade das missões diplomáticas” e, “neste contexto, manifesta sua solidariedade e apoio” ao Equador. A resolução pede também que Equador e Reino Unido “mantenham um diálogo que permita resolver suas atuais divergências”. Apenas os EUA e o Canadá mostraram reservas ao texto. Assange participou ontem, por telefone, de uma reunião do ex-candidato à Presidência da França pela esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon. Ele saudou o impulso “no espírito de independência da América Latina” e o “grande momento de solidariedade”.