Pouco a pouco estou me percebendo uma saudosista. Recordando o tempo onde o carnaval falava apenas de alegria e minhas fantasias estavam acessíveis, em forma de marchinhas tocadas na praça e uma roda de amigos, para fazer um trenzinho longo.
Nada mais desejávamos, além do suor escorrendo e o sorriso fácil sendo espalhado em nossos rostos, só o encontro, a paquera e o eventual namoro, para completar a folia.
Hoje, a tensão gerada pelo encontro com as multidões.
Brigas. Estranhas diversões.
O passado vai parecendo mais digno, e no presente fechamos cada vez as nossas casas, nossas festas e rostos.
Acima da alegria, pensar primeiro na segurança. Ninguém parece confiável. Tempos de festejar assustados.
Saudades mesmo das lanças de plástico, cheias de água, para jogar nos amigos e refrescar o calor do frevo.
O mela-mela e as caras brancas de farinha de trigo, maizena e até talco.
Adeus a esta página contente da infância, adolescência, juventude. A maturidade não pula mais carnaval.
