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Salve Cícero Lourenço, aqueles ainda tratados como sem cidadania te saúdam para sempre

Cícero Lourenço, referência sindical em Alagoas, poderia receber homenagens pelas greves que liderou, na garantia de reajustes salariais ou direitos trabalhistas.

Pode ser lembrado por ir às ruas em defesa da garantia do equilíbrio social. Contra as reformas da previdência que quase sempre sacam mais dinheiro de quem recebe menos, por exemplo.

Operação Taturana? Cícero Lourenço estava lá, em protesto pelo roubo de R$ 300 milhões dos cofres estaduais.

Homicídios? Lourenço marchava de vela nas mãos, com as tantas famílias enlutadas em Alagoas, para que os olhos do Estado olhassem seus mortos como vítimas, não como gente para ser esquecida.

Apoio aos sem-teto e aos sem-terra? Lourenço estava com eles. Era do tempo de um líder sindicalista que mostrava o próprio rosto, na rua, sentindo as consequências de seu lado na história.

Para estes, a história reserva poucas lembranças.

Professores com baixos salários e massacrados por horas-aula estafantes, num ambiente escolar inóspito? Lourenço estava ao lado deles.

Servidores do PAM Salgadinho sem material para trabalhar e com blocos sob risco de cair em suas cabeças? Cícero Lourenço estava de microfone de mão, gritando por eles.

Hospital Geral do Estado superlotado e funcionários arrebentados pelo descaso estatal? Lourenço erguia sua bandeira e atraía muita gente para denunciar a indignação, o choro. Reclamavam do carro de som na porta do maior hospital público, que importunava os pacientes em recuperação. Pior mesmo era ver gente atendida no chão. Lourenço estava com eles.

Bravo Lourenço, sua rebeldia santa merece ser consagrada. Placas em postos de saúde, escolas, hospitais, UPAs, agências do INSS e até as lápides dos vitimados pela violência deveriam trazer seu nome, escrito assim: “Grato por tudo, companheiro de lutas”.

Salve Cícero Lourenço. Os alagoanos ainda tratados como sem cidadania te saúdam.

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