Saber para transformar

Marcos Costa Lima – Anpocs

Talvez o maior desafio das ciências sociais contemporâneas seja entender as mudanças e transformações radicais vividas no século 21. E, ainda mais, ser propositiva, mas nunca dogmática.
É sempre dificil comparar os períodos históricos e daí a importância da longa duração. Vivemos hoje o início de um novo século que traz consigo muitas dúvidas e perplexidades.
Talvez o fenômeno mais avassalador tenha sido o da proliferação das novas tecnologias, que alteraram por completo as formas de trabalho, o acesso às informações, o deslocamento de pessoas e de fluxos financeiros, o cotidiano das famílias, o imaginário coletivo, os ambientes construídos, as novas dimensões do espaço, a sensação da “aldeia global”.
Todos falam da vertingem da velocidade, da falta de tempo, das rupturas com o passado, da síndrome de pânico, dos grandes aglomerados urbanos, dos ruídos, dos engarrafamentos.
Em grande medida busca-se conceituar tudo isto com um “pós”, como se a humanidade tivesse atravessado ou ultrapassado um umbral e de onde ainda não tivesse certeza para onde vai.
A célebre pergunta de Gauguin: “De onde vim, onde estou e para onde vou?” Então, intitulamos diversamente esta nova “realidade”, de global: de sociedade do conhecimento; do aprendizado; da economia; de sociedade da informação; sociedade midiática; e de pós-modernidade.
Sejam tradições, inovações, continuidades e transformações do conhecimento do social, seja em escala macro, micro ou meso, o que se observa é uma ampliação do leque de enfoques e abordagens. São tentativas de enfrentar a diversidade dos fenômenos. Adorno, dizia então, “não há nada, mas nada mesmo sob o Sol que, por ser mediado pela inteligência humana e pelo pensamento humano, não seja, ao mesmo tempo, também mediado socialmente”.

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