A recomendação conjunta do Ministério Público de Contas, Ministério Púbico do Trabalho e Ministério Público Estadual, entregue aos vereadores de Maceió, mostra o tamanho da sepultura social que o prefeito Rui Palmeira cavou durante oito anos e vai entregar como herança ao próximo gestor em 2021.
Neste buraco caberão crianças, adolescentes e jovens, obviamente os mais pobres da capital alagoana e os mais penalizados por uma gestão que virou um deserto de ideias na Assistência Social.
A recomendação a qual o blog teve acesso mostra que 54% de toda a população não tem acesso a serviço de atenção básica; 63% não tem saúde bucal.
Maceió tem mais de um milhão de habitantes, segundo números do IBGE. Mesmo assim, tem apenas 1 Centro de Atendimento Psicossocial- álcool e outras drogas, com leitos 24 horas. Seriam necessários 5.
A capital tem apenas um Centro de Atenção Psicossocial Infantojuvenil (CAPSi). Deveriam ser 5. Objetivo de uma estrutura deste tipo é acompanhar pacientes com problemas psiquiátricos e a reinserção dos usuários “de forma humanizada, realizar o acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer”.
Não existe nenhuma unidade em Maceió para internar crianças e adolescentes chamados de “dependentes”.
74% das crianças até 3 anos estão fora das creches. Porque não há creches para todas, mesmo com os reiterados pedidos da população nas audiências públicas para a construção destas unidades. Anota a recomendação: “crianças que estão fora da escola estão mais expostas a situações de abandono, maus tratos e abuso sexual”.
A era Rui Palmeira ouve estes pedidos. E ignora o que o próprio povo pede. Isso é incrível? A tragédia não acabou.
Os promotores e os procuradores não encontraram nada no orçamento para a Assistência Social destinado a recuperação nutricional. Aqui a crueldade da atual gestão não tem limites porque “os anos iniciais do desenvolvimento humano estabelecem a arquitetura básica e a função do cérebro” . Como imaginar crianças com todo o seu sistema neurológico em pleno funcionamento, se estão mal alimentadas? O que esperar do futuro destas crianças?
Esperava-se de Rui Palmeira uma gestão avançada e bem sucedida. Virou um retrato do que existe de pior. É o “Rui das estátuas”, homenageando mortos famosos em bronze, caminhando a esmo pela orla e suas crianças herdeiras de famílias ricas. Para quem está fora dos privilégios, sobram as cinzas.