Nas campanhas de Jeferson Morais e Rui Palmeira, a ideia de que o governador esteja costurando, com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) a extração de Lessa da campanha “é absurda, sem fundamento”.
Integrantes da campanha de Rui dizem que a assessoria jurídica conhecia os problemas no pagamento da multa aplicada em 2006 contra Lessa.
“E ninguém pediu a inelegibilidade porque não era o nosso foco da campanha”, diz um dos mais próximos a Rui.
“Tanto não é o governador quem está por trás disso tudo que poderíamos pedir a inelegibilidade no processo que se refere à Lei do Ficha Limpa. Não fizemos isso. E o Rui pediu: quer uma campanha de alto nível”.
Quarta-feira, 16h40, caminhada pela Grota do Rafael. Na avenida Bosque das Acácias, em uma rua mergulhada em lama e esgoto a céu aberto, o locutor da campanha instigava Rui e seu vice, Marcelo Palmeira (PP), a observar a cena: “Olhe o abandono, Marcelo Palmeira. Isso aqui é uma piscina para o povo tomar banho?”, apontava para um canal, que recebe os esgotos das casas e despeja na praia de Cruz das Almas.
“Caminhamos por ruas como se elas fossem sítios”, dizia o locutor, enquanto Rui abraçava as pessoas, a assessoria distribuía adesivos e as crianças pediam dinheiro a assessores- ao perceber a imprensa negavam o favor.
O recado era direcionado ao prefeito Cícero Almeida (PEN), hoje na campanha de Lessa.
As pesquisas para consumo interno, do comitê de Rui Palmeira, apontam que Cícero Almeida tem uma popularidade que impede qualquer candidato de chamar o prefeito de péssimo gestor. Mesmo que as ruas do Conjunto Santo Onofre, dentro da Grota do Rafael, estejam mergulhadas na lama, o esgoto correndo a céu aberto, o mau cheiro e as crianças driblando o lixo para jogar bola.
“Vai mudar, com a graça de Deus”, dizia Rui aos moradores. A campanha mudou o ritmo?
“De forma nenhuma. Não muda nada, não estamos olhando os adversários. Nenhum milímetro de mudança”, respondeu o candidato.
Rui Palmeira não falou tudo. A proposta é que o ritmo da campanha se intensifique: duas caminhadas por dia. A insistente imagem de que ele é o “candidato das elites” é reforçada por alguns assessores e assessoras: desfilam na lama com ar de nojo e adesivam as pessoas temendo uma doença incurável.
Outro ponto: a presença do governador na campanha do tucano.
“Não há impedimento, mas a agenda do governador é bastante cheia. Ele gravou um depoimento para o site. O Governo do Teotonio não tem o que esconder. Não é o Governo que colocou servidor público no Serasa, nem que registrou a explosão da violência em Alagoas que paga em dia ao servidor público”, disse um assessor.
Outro dizia, no dia da caminhada na Grota do São Rafael:
“O governador não pode aparecer na campanha do Rui porque há associação da imagem dele ao que o servidor público não gosta”.
Confusão que o dia a dia das caminhadas do candidato deve corrigir.
Kátia Born: Lessa vai sangrar até o fim e não desiste da campanha
Terça-feira, 31 de julho, às 17h30. Conjunto João Sampaio I, parte alta da capital. Na caminhada de Jeferson Morais (DEM), uma mudança sutil um dia após a decisão da Justiça Eleitoral sobre o registro de candidatura do ex-governador Lessa: a presença da secretária da Mulher, Cidadania e Direitos Humanos, Kátia Born.
“Quem tem vida política sabe que sempre tem ações a responder. É preciso advogados que estejam atentos. Eu respondo a quatro ações e acompanho a todas. Houve um erro na do Ronaldo”, disse Kátia.
“Não acredito que o Ronaldo desista da campanha. Ele vai seguir sangrando, mas não muda a candidatura”, contou.
O que é mais difícil na campanha de Jeferson Morais?
“Estamos mostrando a campanha para as classes D e E, mas precisamos chegar na classe média. Ás vezes, há preconceito com jornalista que faz programa policial. Mas, é preciso lembrar que o Jeferson escreveu para o Jornal de Alagoas. O jornalista Noaldo Dantas elogiava o texto do Jeferson no Jornal de Alagoas”, disse Kátia.
As pesquisas internas do QG de Morais mostram que o eleitor dele é o mesmo de Ronaldo Lessa: as classes mais baixas, moradoras de áreas esquecidas pela população.
“O desempenho do Ronaldo é com o pessoal que trabalha na educação: a merendeira, os vigias. No caso da saúde, os auxiliares de enfermagem. Um público que estamos mostrando o candidato Jeferson Morais”, disse Kátia.
“Não podemos subestimar nenhum dos sete candidatos à Prefeitura”, disse Jeferson, sem citar a impugnação da candidatura de Ronaldo Lessa. A disputa em Maceió tem oito candidatos. Morais esqueceu- ou não citou de propósito- o ex-governador.