O governador Renan Filho e a Assembleia Legislativa aprovaram, de comum acordo, a retirada de 14% de aposentadorias e pensões estaduais dos que recebem menos que o teto do INSS, dinheiro encaminhado para o Alagoas Previdência.
A justificativa oficial era cobrir um rombo histórico formado por gestores passados, um rombo que tem nomes e sobrenomes, documentos e provas, batom na cueca, digitais e outras coisas mais.
Mas, as instituições de investigação alagoanas não punem os amigos de copo de whisky. Sobraram para os servidores públicos e o desconto imoral.
Mais de um ano depois da aprovação deste desconto, a Assembleia quer, é lógico, tirar o corpo fora. A deputada Jó Pereira ajudou o presidente, Marcelo Victor, a “salvar” os parlamentares da enrascada: disse ontem, em longo discurso, que os 14% foram aprovados em regime de urgência “sem estudos e sem dados”.
Detalhe: Jó Pereira disse sim à perversidade.
É essa justificativa impressionante, esdrúxula e estapafúrdia que será dada aos eleitores no próximo ano e que a partir de agora valerá nas redes sociais.
Acredita nisso quem quiser.
Como era previsível, sobrou exclusivamente para o governador, que disputa a vaga- hoje de Fernando Collor- ao Senado.
A decisão de devolver o que foi retirado de aposentados e pensionistas é exclusiva de Renan Filho. Os movimentos do Executivo, porém, indicam que isso não acontecerá.
E Fernando Collor não precisará fazer grande esforço para usar tudo isso como vantagem eleitoral.
O aviso, aliás, veio ano passado: Alfredo Gaspar de Mendonça foi derrotado na disputa pela Prefeitura de Maceió também pelos 14%, além de outros fatores.
O governador crê que não.
Ronaldo Lessa, governador, também não acreditava que perderia a eleição para Collor, disputando o Senado.
Teotonio Vilela Filho, governador, também acreditava numa fácil votação ao Senado. Preferiu permanecer no Governo até o fim porque, se renunciasse, seria carta fora do baralho.
Renan Filho repete Lessa e Téo Vilela. Com R$ 5 bilhões em caixa, crê que o outro lado, ou seja Collor, já perdeu por antecipação.
E o jogo está sendo jogado.
Dizem que o eleitor tem memória curta.
Mas ele esquece o rosto de quem mexeu no seu bolso?