BLOG

Renan e JHC terminam 2021 com problemas na Assembleia e Câmara

O governador Renan Filho (MDB) e o prefeito de Maceió JHC (PSB) terminam o ano consolidando seus grupos políticos, próximos de alcançar seus objetivos eleitorais, celebrando sucessos como o leilão do saneamento e o Passe Livre e acumulam problemas na Assembleia Legislativa e Câmara de Vereadores. Ambos não têm uma bancada própria, apenas aliados de ocasião. E o futuro de ambos depende de uma solução para este problema.

Renan Filho busca um acordo com o presidente da Assembleia Marcelo Victor (SDD). Isso para deixar o Governo até abril, ficar sem mandato, ter o apoio dos deputados para disputar o Senado e sem ser trocado, no meio do caminho até as urnas, por Fernando Collor (PROS), que disputa a reeleição. Victor está mais próximo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), aliado de Collor. Lira e Victor indicaram o deputado Paulo Dantas (MDB) para o Governo-tampão, minando as chances de Renan Filho escolher um candidato próprio à sucessão estadual.

A demora de quase seis meses na aprovação do orçamento municipal mostrou como JHC e os vereadores estavam e estão em lados opostos. A saída de João Catunda da bancada do prefeito, a demissão de Francisco Sales da Secretaria de Governo, o anúncio público, pelo prefeito, de projetos sem consultar os vereadores e o revide deles ao jogar no colo de Jota a aprovação do rateio do Fundeb aos professores mostra que uma possível renúncia do prefeito para disputar o Governo está no campo das impossibilidades. Mas, nada é impossível.

Tabuleiro
Renan Filho e JHC são bem avaliados na pesquisas internas. Seguiram os exemplos de outros gestores pelo país: anunciaram programas sociais bancados com recursos do Estado ou município aos mais atingidos pela pandemia e; mantiveram uma agenda de obras, atraindo milhares de empregos e movimentando a economia local, enquanto o Brasil atravessa sua pior fase.

O prefeito da capital tem chances reais de ganhar uma eleição ao Governo de Alagoas, mas, para isso, tem de abrir mão de três anos na administração municipal.

O governador também está bem situado na concorrência ao Senado. Porém, os cofres estaduais estão abarrotados de dinheiro.

Apenas com o leilão dos blocos B e C do saneamento básico realizado esta semana, somado com o bloco A arrematado em setembro do ano passado, Alagoas terá nos próximos meses R$ 9 bilhões. Nunca antes na história nem quando representantes do eleitorado local ocuparam a Presidência da República, havia tanto dinheiro assim entrando quase de uma só vez nos cofres locais.

É por isso que o deputado Olavo Calheiros (MDB), “pai” político de Renan Filho, quer que ele conclua o Governo: para não entregar a administração a um inimigo político- Arthur Lira- e transformar Alagoas num canteiro de obras, garantindo a cota Calheiros na Assembleia (Remi Calheiros, ex-prefeito de Murici e tio do governador, disputa a vaga de Olavo na Casa) e elegendo um bom número de deputados estaduais, federais e, por enquanto, abrindo mão do Senado.

A escolha é dura: se Renan Filho permanecer até o final, ficará quatro anos sem mandato, voltando a concorrer numa votação majoritária em 2026. Pode se candidatar mais uma vez ao Governo, deputado federal ou uma das duas vagas ao Senado, levando em conta que o pai, Renan Calheiros (MDB), vai para a reeleição.

Pode ainda esperar um Ministério no Governo Lula, se o ex-presidente da República confirmar o favoritismo apontado hoje pelas pesquisas. Daí o futuro de Renan Filho sai do mundo real e vai para as especulações. Um político sem mandato vale quase nada na selva chamada Brasília. Nem o vento bate nas costas.

SOBRE O AUTOR

..