Estamos a constatar que somos analfabetos em Diabetes Mellitus Tipo 1, até que alguém da nossa família seja diagnosticado com a doença autoimune das células B-pancreáticas, produtoras de insulina. Acontece repentinamente, sendo muitas vezes descoberta em estado avançado de hiperglicemia, que pode levar ao coma diabético, se os sintomas não forem percebidos a tempo, recebendo intervenção médica imediata.
A vida de todos os membros da família muda intensamente, mas aquela que mais sente o impacto das mudanças é a da criança ou jovem, agora diabético.
Após os susto inicial, que no caso da nossa neta levou ao internamento e alguns dias na UTI por causa da CAD (Cetoacidose Diabética) que é uma complicação considerada grave, e que pode ser fatal, quando o sangue não consegue utilizar a glicose para produzir energia, e o corpo processa autofagia, causando emagrecimento súbito, desidratação e fadiga. Este foi o quadro que nos levou ao diagnóstico, mesmo após ela ter passado por dois profissionais médicos na sequência da sintomatologia.
A maneira traumática da descoberta foi impactante, mas o que estava para ser aprendido a partir de então, ainda não está concluso, pois se trata de apenas alguns meses. Sendo rede de apoio ou “família pâncreas” nós percebemos o quanto precisa ser dito sobre a DM 1.
Muitas pessoas não sabem a diferença entre essa doença e a diabetes tipo 2, que é metabólica, ou seja, o corpo não consegue utilizar a insulina de maneira precisa; enquanto na tipo 1, o pâncreas para de produzir insulina. Até 1922 o paciente de DM 1 estava condenado a morrer por cetoacidose e suas consequências. A insulina aplicada salvou e ainda salva milhares de vidas todos os dias.
Algo que perturba muito os familiares das crianças com DM 1 são os furos nos dedos para a medição de glicemia, que se torna uma rotina diária. Isso pode ser aliviado pela tecnologia, que desenvolveu um sensor de glicose, para prender ao corpo e fazer uma leitura glicêmica que orienta a dosagem de insulina a ser aplicada, para que a pessoa diabética possa se alimentar sem riscos.
Mas nos casos de diabetes tipo 1, existem razões a mais, que consistem no monitoramento contínuo da glicemia para evitar picos glicêmicos (hiperglicemia) e quedas glicêmicas bruscas (hipoglicemia).
As hipos costumam ser muito temidas, pela sintomatologia imediata de desconfortos, que vão desde tremores, tonturas, confusão mental, aceleração cardíaca, irritabilidade, dor de cabeça, calafrios, cansaços e desmaios, podendo este último levar a um quadro fatal.
Este é um dos perfis de alunos, que por motivos de saúde, podem continuar levando aparelhos celulares para a escola.
O celular se torna absolutamente necessário ao diabético que usa sensor glicêmico, pois como no caso da nossa neta, a leitura é feita pelo aparelho, aproximando o mesmo do sensor.
É importante que a sociedade saiba disso, que todos os profissionais de escola conheçam a sintomatologia do DM 1 em crianças e jovens e normalizem com respeito a presença do sensor no corpo do estudante.
Vale ressaltar que diabetes é uma doença mas as crianças e jovens diabéticos não precisam ser tratados como doentes, pois com o monitoramento e acompanhamento na alimentação eles podem viver saudáveis e praticar todas as atividades que os demais praticarem, seja na escola, em casa ou qualquer lugar.
Como membros de família pâncreas, seguiremos com atenção o desenrolar dos debates sobre temáticas afins.