Recifenses mudam hábitos para evitar a violência

 Raphael Guerra – Diário de Pernambuco

O sentimento de insegurança dentro e fora de casa permanece presente na rotina dos recifenses, apesar da redução da criminalidade. É o que revelou um estudo encomendado pelo Ministério da Justiça (MJ) sobre os hábitos dos moradores das 27 capitais brasileiras para evitar que sejam vítimas da violência. Nos últimos anos, a população deixou de sair mais à noite, evitou o uso do transporte coletivo e optou por não frequentar locais onde há consumo de bebidas alcoólicas, por exemplo.

Medidas de proteção dentro das residências também foram adotadas. Fechaduras extras, alarmes, câmeras de monitoramento, vigilantes armados.

“No entanto, o preenchimento do sentimento de segurança com o uso desses instrumentos deixa de existir quando se está em território externo, ou seja, nas ruas, onde o cidadão não tem a menor possibilidade de interferência, ficando à mercê da criminalidade”, destacou a pesquisadora social e de segurança pública Ronidalva de Andrade.

Moradora do bairro do Espinheiro, na Zona Norte, a corretora de imóveis Ivanise Farias, 33 anos, prefere não sair mais à noite para se divertir. Nos dias de trabalho, também tenta resolver todas as pendências antes do pôr do sol para chegar em cedo em sua residência. Foi uma das medidas de segurança escolhidas para tentar driblar a violência. Uma mudança de hábito que já atinge cerca de 69,9% dos recifenses.

A pesquisa do MJ foi elaborada pelo Datafolha em parceria com o Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais. Cerca de 75 mil brasileiros foram ouvidos.

Mudança de hábitos dos recifenses devido a violência

69,9% evitam sair à noite ou chegar muito tarde em casa
34% mudam de caminho entre a casa e o trabalho ou a escola ou lazer
60,1% deixam de ir a alguns locais da cidade
59% deixam de ir a certos bancos e caixas eletrônicos
81,4% evitam frequentar locais desertos ou eventos com poucas pessoas circulando
80,4% evitam sair de casa portando muito dinheiro, objetos de valor ou outros pertences que chamem atenção
28% evitam usar algum transporte coletivo
21% evitam conviver com vizinhos
59,1% evitam conversar ou atender pessoas estranhas
57,7% evitam frequentar locais onde haja consumo de bebidas alcoólicas
16,8% evitam ficar em casa sozinhos

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