Coaracy Fonseca- é promotor de Justiça e ex-procurador Geral de Justiça
A renda per capita do Estado de Alagoas, segundo dados recentes do IBGE, é a segunda menor do Brasil, à frente apenas do Maranhão.
Tal dado, refere-se a uma média de toda riqueza e renda supostamente gerada por habitante do estado, tomados globalmente, que busca demonstrar o índice de desenvolvimento econômico da unidade da federação.
Procura medir a riqueza produzida pela sociedade. Contudo, não constitui um dado fiel para medir a distribuição de renda e a desigualdade social.
Mesmo quando a renda per capita é elevada, o alto índice de miséria e pobreza da população, aliado ao analfabetismo, ausência de água tratada, energia, tratamento de esgoto, torna tal fator praticamente NULO.
São poucos os beneficiados pela riqueza produzida. Também considerando o inexpressivo mercado de trabalho. O IBGE considera emprego mesmo o informal, sem garantias trabalhistas.
Apenas para lembrar, no período de 1970 a 1990 a renda per capita de Alagoas teve uma visível elevação, apesar dos nossos terríveis índices de desenvolvimento humano, a começar pelo alto índice de analfabetismo.
Na atualidade, o IBGE demonstra que nós nos tornamos mais pobres, além disso não temos saneamento básico, ensino público e saúde de qualidade.
Falar em analfabetismo, precarização da mão de obra e desemprego é chover no molhado. Não existe uma política idônea de geração de emprego e renda, que envolve necessariamente a iniciativa privada.
Ainda montada sobre uma economia agrária, da época colonial, que pouco se modernizou, e no setor de serviços, recentemente pela construção civil, Alagoas não se tornou competitiva para o enfrentamento da nova era industrial.
No entanto, vê-se diariamente notícias sobre a injeção de recursos federais em nosso Estado, que não apresenta projeto de desenvolvimento social, sem o qual não há crescimento econômico real.
Os recursos federais que não são infinitos, provêm de um modelo inadequado de sobrevivência política, que terminará um dia. Assim como chegará o momento de prestar contas sobre a aplicação dos recursos da União.
Os gastos são tão surreais que até escola de samba do Rio Janeiro, que fala do Benedito, foi contemplada com oito milhões de reais, algo inaceitável em qualquer país alfabetizado. E o saneamento? Veja-se os dados do IBGE.
Enfim, quantas infâncias ainda serão roubadas pela insensibilidade de alguns privilegiados, que não têm compromisso com a posteridade?
O fatídico ano de 1997 nos ronda como um fantasma. A história às vezes se repete.
O momento é de alerta.