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Quem ganha e quem perde em Alagoas com a vitória de Arthur Lira

Os Calheiros perdem, neste momento, a força política (mas não eleitoral) diante de Arthur Lira eleito presidente da Câmara.

Ganham Fernando Collor, Rodrigo Cunha, JHC.

Só que existem muitos contextos nesta história. E nada é definitivo porque a política é uma ciência intuitiva, levada para onde vai o poder.

E não existem fórmulas prontas para isso.

Eleições

Arthur Lira sabe: as eleições para a Câmara envolveram muitos elementos.

Jair Bolsonaro estará no segundo turno presidencial, arrancando com mais de 30% de vantagem ano que vem. Apesar de representar menos de 1% do eleitorado nacional, Alagoas entra na guerra por cada voto entre os candidatos ao Planalto.

Além disso, Arthur Lira é um dos caciques do fisiológico Centrão, o liquidificador ideológico que escolhe o lado do vencedor em nome da “governabilidade”. Seu poder é incontestável.

O cenário de Arthur

2022 terá uma eleição dramática tendo em vista as articulações que estão em andamento, definidas de “cima para baixo”, ou seja, de presidente da República à bancada federal, de governador à deputado estadual. Uma disputa que tomará todo o tempo da política em 2021.

O drama

Em 2022, valerá a exigência da cláusula de barreira eleitoral, cobrando de todas as legendas 2% dos votos nacionais, no mínimo, na chapa de deputado federal, mais ou menos 2 milhões de votos. Na eleição municipal passada, dos 30 partidos registrados no TSE, 16 não alcançaram o teto mínimo dos 2%; abaixo disso, as legendas menos votadas ficarão sem fundo partidário e tempo de rádio e tv. Dificilmente os pequenos partidos se aventurarão em candidaturas próprias nacionais para “marcar posição”.

Para 2022, a anunciada candidatura de Bolsonaro para um segundo mandato obriga a todos os demais partidos e personalidades a se posicionarem. Mesmo com o bloco bolsonarista original dividido, depois das muitas denúncias contra a família presidencial e das perdas com a saída de Sérgio Moro e da aliança do presidente com os partidos considerados fisiológicos do “Centrão”, o atual presidente é detentor de, pelo menos, um terço dos votos, o que garante sua ida para o segundo turno, como mostram todas as pesquisas.

A direita

No campo da direita, outros partidos e seus candidatos poderão se apresentar, mas sem chances de participar do segundo turno. Os eleitores mais conservadores, decepcionados com Bolsonaro, buscarão uma alternativa, que já foi Sérgio Moro, mas que poderá ser outro nome da direita “raiz”.

No lado da oposição, dois blocos maiores estão se formando: um considerado de centro-direita liberal, com a provável candidatura do governador de São Paulo, João Dória, ou do apresentador Luciano Huck, atraindo o PSDB, o MDB e o DEM para a mesma chapa.

Pela centro-esquerda, está aberta a disputa entre o projeto Ciro Gomes, com apoio do PDT e PSB, podendo atrair a REDE de Marina Silva e outros partidos menores; e, no outro bloco, a aliança PT, PCdoB e PSol.

A esquerda

Nacionalmente, os partidos mais à esquerda já estão num processo de aproximação, na tentativa de formar outra frente competitiva. Sentindo a firmeza do projeto Ciro Gomes, eles discutem uma alternativa para 2022, com três nomes prováveis para a disputa, Fernando Haddad, Flávio Dino e Guilherme Boulos. Como o PSol e o PCdoB precisam alcançar os 2% do eleitorado nacional, circula a ideia de que o PSol poderia lançar Boulos federal, assim como o PCdoB deverá apresentar Flávio Dino e Manuela Dávila, à Câmara dos Deputados. Os três se elegeriam e ainda ampliariam a bancada dos dois partidos. Juntos no mesmo bloco, os partidos de centro-esquerda polarizariam e iriam para o segundo turno, mas, divididos, abririam as portas para a candidatura dos partidos de centro-direita não bolsonarista.

O quadro alagoano

Esse quadro nacional influenciará o embate local alagoano. O apoio a Bolsonaro virá das pequenas legendas de direita, que mostraram pouca força na última eleição, e dos partidos do Centrão, mas sem muito entusiasmo, tendendo as legendas deste aglomerado a se dividirem no apoio a uma candidatura de centro-direita, englobando conservadores e liberais anti-Bolsonaro.

A chapa articulada nacionalmente e apoiada pelo MDB/PSDB/DEM deverá ter a sustentação local, ainda que em palanques diferentes, do senador Rodrigo Cunha, do governador Renan Filho e do ex-prefeito Rui Palmeira. Se se consolidar, a candidatura de Ciro Gomes poderá ter o apoio do bloco PDT/REDE, liderado pelo ex-governador Ronaldo Lessa O PSB de JHC ainda é uma incógnita nesse apoio; a candidatura de esquerda deverá ser apoiada na aliança entre o PT, PSol e PCdoB.

No Estado, já se articulam dois grandes blocos, que tendem a polarizar as eleições: de um lado, a aliança comandada por Arthur Lira, tendo como membro da chapa o senador Fernando Collor (Pros), que disputa a reeleição. Derrotar Renan Calheiros, aliado de Lula, será um dos objetivos do governo Bolsonaro. Essa aliança deverá atrair os pequenos partidos de direita que atualmente apoiam Bolsonaro no Congresso e JHC, que foi apoiado por Arthur Lira na eleição municipal. Essa coligação depende do resultado das eleições para a presidência da Câmara. Se eleito em Brasília, Arthur Lira trabalharia para se manter no posto em 2022.

No outro lado, Renan Filho, Rui Palmeira e seus aliados do governo, estão articulando uma chapa ainda sem nome para governador, mas com o atual governador definido como candidato ao Senado, numa aliança com fortes chapas proporcionais.

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