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Queda de Suruagy e o silêncio sobre os usineiros

Em 17 de julho de 1997, Divaldo Suruagy se afastava do Governo em meio à revolta popular pelo não-pagamento dos salários no setor público. Quando esteve em Maceió mês passado, Lula, diante do sobrinho de Suruagy, o governador Paulo Dantas, disse que o ex-governador era um homem correto.

Elogios à parte, Suruagy convivia com uma gambiarra financeira armada pelo próprio Governo, para cumprir acordos políticos com os usineiros. E eles, os usineiros, ajudam a embalar estes saudosismos em torno de uma era desastrosa, que os setores se esforçam para esquecer porque o povo é Ninguém e suas dores um conjunto de Nadas…

Dois episódios, as enchentes de 2022 e os tempos de Suruagy, nos ajudam a entender como vivem e reagem os usineiros. Nas duas, o povo mais pobre foi o principal sacrificado. Em ambas, os usineiros viraram as costas para Alagoas.

No Teatro Deodoro, testemunhei homenagens à neta de um usineiro e a posição do avô. Postado na saída do palco, ele se posicionava de modo que cada pessoa fosse obrigada a cumprimentá-lo, para orgulho de vovô.

São donos das finanças e também da história. Hoje eles apoiam Jair Bolsonaro porque ontem financiaram a “Revolução de 64” e mais atrás o integralismo, o banho nas águas do fascismo.

Hoje Suruagy é quase um herói romanesco e os usineiros carregados de boas intenções.

Onde fica o povo neste arranjo?

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