Que os números cresçam

Para existir o corruptor, é necessário existir o corrupto, ou o funcionário que não tem compromisso com o poder público e muito menos com a sociedade

Edson Luiz-Correio Braziliense

As cenas mostradas pela televisão nos últimos dias, em que fornecedores  tentam corromper um servidor interpretado por um brilhante repórter, chocaram a  sociedade, mas é fato corriqueiro. Nos últimos anos, foram centenas de operações  policiais que tinham como alvo agentes públicos, empresários e até aqueles que  deveriam defender a lei, mas estavam indo contra ela. Muitas medidas foram  tomadas nos últimos 10 anos, mas, pelo visto, muita coisa ainda há de ser feita  nas próximas décadas. Inacreditavelmente, imagens como aquelas ainda existem no  Brasil, em plena era da modernidade.

Para existir o corruptor, é necessário existir o corrupto, ou o funcionário  que não tem compromisso com o poder público e muito menos com a sociedade. Basta  verificar dados da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgados há alguns  dias, em que se comprova crescimento no número de servidores expulsos em  decorrência de irregularidades. Foram 564 casos em todo o país, o maior volume  de exclusões desde 2003, quando o serviço de contagem foi instalado no órgão de  fiscalização e controle. O mais assustador, conforme a própria CGU, é que o  número de demissões é por corrupção, o que representou mais da metade dos casos  assinalados pelo governo.

Os números não mentem quanto ao fato de que é preciso fazer alguma coisa para  que se erradiquem, de vez, os servidores corruptos da administração pública,  para que eles não afetem os bons e honestos funcionários, que, ainda bem, são a  maioria nas repartições. Mas, além disso, é preciso agir com mais rigor contra  os corruptores que fazem do governo fonte de conseguir coisas com maior  facilidade. Se houvesse leis que tornassem mais duras as penas para os crimes de  corrupção, com certeza o problema, se não fosse totalmente erradicado, pelo  menos diminuiria de ritmo.

Por fim, merece elogios a CGU por fazer crescer a relação de demitidos do  serviço público, principalmente por eles serem corruptos e fazerem parte do  grupo de pessoas que não deveriam mais estar na administração do Estado. Que a  lista cresça a cada dia, para que a sociedade tenha dias melhores e o governo,  preocupação a menos.

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