O PSDB já foi o principal partido de oposição quando Lula e Dilma estavam no comando do país.
Mas desde a farsa construída para o impeachment de Dilma que os tucanos não conseguiram nem retomar este protagonismo nem definir uma posição quanto a era Jair Bolsonaro.
Em 1989, na disputa presidencial, Mário Covas, a mais expressiva liderança do PSDB, subiu ao palanque no segundo turno ao lado de Lula contra Fernando Collor.
O partido foi ganhando destaque ao longo dos anos, depois do impeachment de Collor. Atingiu seu auge com Fernando Henrique Cardoso, um dos mentores do plano real.
Depois de comprar a emenda da reeleição no Congresso Nacional, FHC conseguiu um novo mandato na presidência.
E, a partir daí, os tucanos sentiram o tamanho do desgaste.
FHC tentou eleger seu sucessor no palácio do Planalto, José Serra. Ganhou Lula.
Quatro anos depois, os tucanos apostaram em Geraldo Alckmin contra Lula. Venceu o petista.
Lula escolheu Dilma Rousseff como sua sucessora. E enfrentou o adversário do PSDB.
Dilma foi para a reeleição contra Aécio Neves. Nova vitória do PT.
Os tucanos passaram a construir teorias da conspiração. Uma delas: duvidar da lisura das urnas eletrônicas.
Janaína Paschoal, autora do pedido de impeachment de Dilma, admitiu ter recebido R$ 45 mil do PSDB para elaborar o parecer.
Antonio Anastasia, do PSDB, foi escolhido como o relator da comissão especial do impeachment no Senado.
O relatório não poderia ser diferente: Dilma deveria ser cassada.
Mas a presidente não perdeu os direitos políticos, como Fernando Collor perdeu quando sofreu o mesmo processo de impeachment.
A farsa representou um tiro no pé dos tucanos que perderam, depois das eleições, 25 deputados federais e, no Senado, 3.
Jair Bolsonaro venceu a eleição após se descobrir um caixa dois envolvendo disparos de mensagens pelo WhatsApp. O escândalo nunca foi esclarecido pelo TSE. Nem houve esforço para isso.
Na campanha eleitoral, Sérgio Moro, o herói da Lava Jato, quando ainda era juiz, foi chamado para ser ministro da Justiça. E aceitou.
Ontem, o portal The Intercept conseguiu o conteúdo de mensagens trocadas entre Moro e os procuradores da Lava Jato, em que o juiz reclama que a operação não foi às ruas durante um mês e o procurador Deltan Dallagnol se baseou em uma matéria antiga de um jornal para concluir que o triplex de Guarujá pertencia a Lula.
Diante da farsa, o PSDB permanece em silêncio. Mantem Aécio Neves, denunciado por corrupção, na direção do partido. E nessa mesma direção está José Serra, voz silenciosa no Senado. Bolsonaro quer liberar armas, aprovar uma reforma da Previdência que desampara os mais pobres, fora a relação do presidente e seus filhos com as milícias.
O escândalo está formado. E o PSDB segue em silêncio.
Sem o PT na presidência, os tucanos se afogaram na praia. Ou viraram cordeirinhos.
A história julgará a posição do PSDB.