Quando a confiança na impunidade vem de cima

Por que Marcos Santos é um desafio a qualquer um que combate o crime organizado em Alagoas?

Odilon Rios
reporternordeste.com.br

A confiança da impunidade do prefeito de Traipu, Marcos Santos (PTB)- que tem como padrinho mais forte, em Brasília, o senador Fernando Collor (PTB)- o que não é pouco- reflete a fragilidade das instituições públicas de Alagoas- no trato com o crime organizado.

Se o promotor do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gecoc), Luiz Vasconcelos, ficou supreso com o arsenal apreendido por aliados do prefeito foragido, mais chocante é a declaração- do promotor- de que eram tantos homicídios cometidos em Traipu que desconfia-se de uma certa leniência entre os agentes públicos da delegacia da cidade- onde a riqueza de Santos é tão achincalhante quanto o silêncio de anos, pressionando uma população sufocada pelas instituições públicas.

Marcos Santos, assim como o prefeito de São Luiz do Quitunde, Cícero Cavalcante (PMDB) e a prefeita (deixou de ser, afinal?) de São Miguel dos Campos, Rosiane Santos (PMDB) são peças chaves a qualquer que queria pensar, mais adiante, em uma eleição. Neste caso, todos são aliados de Collor e do líder do PMDB, no Senado, Renan Calheiros.

Portanto, tem votos, o cabresto nas mãos e o medo de milhares de eleitores, que seguem as ordens dos três para que se canalize votos a qualquer um.

Somente a atuação, seguindo o que diz a lei, do Ministério Público Estadual- como bem exemplifica o procurador federal Luiz Godoy, de outro ministério, o Federal, será possível sonhar- ou ter esperanças- de que o crime organizado finalmente perca forças em Traipu.

E na terra do chefe do Ministério Público de Alagoas, Eduardo Tavares- que é Traipu- o exemplo não só pode, como deve, vir de cima. Neste caso, da lei que protege os mais despossuídos dela- a população amedrontada pelo coronel.

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