Projeto selecionado no edital de Economia Criativa leva aulas de música para freiras de convento em Maceió

Kelmenn Freitas – Savannah Comunicação Corporativa

Fotos: Divulgação

Um dos projetos selecionados pelo edital de Economia Criativa promovido pelo Sebrae Alagoas e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), no início deste ano, já ganhou corpo e começa a tocar o coração de muita gente em Maceió. São as freiras do Convento Bom Pastor, localizado no Farol, e que estão assistindo as aulas do projeto 60 + Música, idealizado pela educadora musical e musicista Rafaela Quintino.

O projeto oferece aos idosos de Alagoas a oportunidade de vivenciar, com baixo custo, a experiência da musicalização como lazer e terapia de socialização. É uma iniciativa pensada para acolher a chamada geração prateada, formada pelo público mais maduro da terceira idade.

No Convento Bom Pastor, Rafaela Quintino leva seu trabalho para dez freiras do local, todas já vacinadas contra a Covid-19 – incluindo a musicista. Ela conta que a escolha do repertório musical é feita de acordo com a vivência das freiras.

“Elas eram todas missionárias e sempre foram muito ativas. Elas nunca ficavam fixas num só lugar. Nenhuma delas é daqui de Alagoas, todas são de outros estados. Por isso, a cultura de cada uma delas é diferente de uma para a outra, mas todas gostam muito de forró”, conta Rafaela. “Eu consigo trabalhar com elas usando o Forró, Baião, Xote e muitas músicas religiosas também”, completa.

Tanto carinho já rendeu até uma música exclusiva de bom dia feita especialmente para as idosas. “Eu vou sentindo o que elas estão gostando e o que não vão aceitando, mas até agora tudo que foi feito elas sempre aceitaram muito bem”, revela a educadora musical.

Rafaela Quintino conta que teve a ideia de criar o projeto 60 + Música, mas não sabia ao certo por onde começar a execução. “A aprovação no edital de Economia Criativa foi fundamental para executar o projeto, não apenas na parte financeira, como todo suporte que foi e é dado para que possamos executar o projeto da melhor maneira e obter o resultado esperado”, avalia.

E ninguém melhor para relatar essa experiência do que o atual público alvo do projeto. A Irmã Celeste, diretora do Convento Bom Pastor, conta que as freiras se sentem acolhidas pelo trabalho da musicista.

“Pesquisando entre as nossas irmãs que participam dessa atividade musical, quase todas deram seu parecer na medida de suas possibilidades. Mas a maioria falou que é muito bom, onde a gente se encontra, se comunica mais, onde a música nos dá oportunidade de usar instrumentos que nos dão o prazer de fazer exercícios nas mãos, braços e em todo o corpo, mas principalmente na mente”, relata.

“Esperamos que este momento de lazer e de alegria continue nos dando vida e esperança. Tem gente competente orientando com muito amor, carinho e atenção. Não podemos deixar passar esta oportunidade. A música é vida e dançar faz muito bem”, destaca Irmã Celeste.

A religiosa lembra que o convento, por se tratar de uma casa de pessoas idosas, precisa muito da contribuição da sociedade. E Rafaela Quintino se doa com o que sabe fazer de melhor: muita música.

“Cada uma de nós tem um potencial escondido que ainda pode ser despertado. O mais importante é essa harmonia que a música traz entre nosso corpo e mente. É uma aliança entre o saber de vocês [do projeto] e as nossas possibilidades. Não queremos que esta esperança vá embora, para que continue nos dando luz, alegria e valorização a nós irmãs do Bom Pastor”, agradece ela.

Reflexo positivo na saúde das freiras salta aos olhos

A dedicação e o empenho das freiras às aulas têm gerado mais que bem-estar para a saúde mental delas. Com a peculiaridade que só a boa música tem de acalmar a alma, o corpo também passou a sentir os efeitos do projeto, dando mais fôlego para quem já está muito acima dos 60 anos de idade nessa vida.

“As irmãs de caridade da Associação do Bom Pastor precisavam de alguma atividade ocupacional interessante, além da fisioterapia, neste período difícil da pandemia. As aulas de musicalização foram essenciais para auxiliar na melhora da qualidade de vida das nossas irmãs idosas”, conta a fisioterapeuta Danila Alves.

               “Desde o primeiro dia eu vi, em cada rostinho, a alegria de participar das aulas de musicalização ministradas pela professora Rafaela. Esta animação e disposição só aumentaram ao longo das semanas, o que nos fez notar uma melhora significativa de algumas delas, senão de todas e em todos os sentidos, pois nas aulas estão sendo trabalhadas a memória (resgatando músicas antigas conhecidas por elas), coordenação motora (através do manuseio de vários tipos de instrumentos musicais), ritmo, e tudo de bom que a música proporciona”, relata.

Como fisioterapeuta das irmãs do convento, ela tem acompanhado de perto a evolução de cada uma das alunas de música nos mais vários aspectos. Segundo Danila, elas estão mais alegres, mais sociáveis e com relatos de que agora todas têm mais atividades, o que as mantêm mais ocupadas durante a semana, diminuindo a ociosidade e dando mais alegria de viver.

“Além das irmãs mais ativas, temos aquelas que apresentam alguns problemas físicos e cognitivos, algumas até com sequelas provocadas por afecções neurológicas como Parkinson, demências, depressão, além de problemas reumatológicos, por exemplo”, diz.

“Na parte motora, venho notando uma evolução significativa da coordenação em algumas das irmãs que atendo na sala de fisioterapia. Além disso, também percebo uma maior disposição delas para fazer os exercícios mais regularmente, ou seja, não faltam mais como antes nas sessões de tratamento fisioterápico, já que enfatizamos sempre nas aulas de musicalização a importância de elas se manterem ativas, tanto fisicamente quanto cognitivamente”, destaca a fisioterapeuta.

Os benefícios entre as irmãs são notáveis em um período consideravelmente pequeno, desde que teve início a atividade terapêutica com a música.

“Noto a ansiedade delas em esperar pelo momento das aulas, que são realizadas durante dois dias por semana. Acho legal que a professora Rafaela as incentiva a realizarem exercícios de alongamentos físicos antes das aulas. Algumas também expressam a vontade de aprender a tocar algum instrumento, e outras se preocupam em procurar trazer músicas antigas as quais nunca mais ouviram”, conta Danila. “Só temos a agradecer a Deus pela vinda da professora Rafaela à nossa instituição”.

Investimento

Para atender ao público alvo do projeto 60 + Música, Rafaela Quintino explica que os recursos disponibilizados pelo edital de Economia Criativa estão sendo direcionados para ação de marketing, produção de conteúdo para mídias, e-books e um curso online de formação de professores de musicalização para terceira idade.

Segundo ela, o edital veio com todo um suporte que foi fundamental para a execução do projeto, com a realização de oficinas e encontro para tirar dúvidas.

O projeto nasceu a partir de sua experiência pessoal ao ministrar aulas particulares na casa de um idoso de 77 anos e portador do Mal de Alzheimer. Durante as aulas, o aluno obteve uma melhora cognitiva. Esse foi o fator determinante para que Rafaela iniciasse o projeto ao lado de outras duas pessoas responsáveis pela pesquisa e gestão.

“A aula de música mostra que o idoso não é um adulto disfuncional e que a música, além de liberar a endorfina e outras substâncias que são responsáveis pela felicidade e prazer que sentimos, ajuda na manutenção das funções cognitivas das pessoas”, afirma.

“O envelhecimento muitas vezes vem acompanhado de limitações funcionais. Porém, desenvolver atividades que geram uma produção de conhecimento significativa para os idosos acaba melhorando sua autoestima, o cuidado consigo e, consequentemente, uma melhora da saúde física e mental”, ressalta.

A analista da Unidade de Competitividade e Desenvolvimento (UCD) do Sebrae Alagoas, Débora Lima, avalia que o projeto 60 + Música se sobressai no edital de Economia Criativa porque traz uma característica muito especial.

“É um projeto que consegue sair da parte puramente artística da música. Você tem um setor criativo que faz essa produção de música, mas que ele está indo com foco em outro tipo de solução que não é só o entretenimento, já que ele trabalha a parte cognitiva, a interação do idoso”, destaca.

“O idoso não está indo só para aprender a tocar um instrumento, mas também para ter todos os benefícios que a atividade da música acrescenta para a cognição, para a sociabilidade”, completa.

Débora Lima acredita que o 60 + Música tem grandes chances de fomentar a abertura de mercado, principalmente porque é um mercado com alta possibilidade de alcance entre o público alvo.

Atendimento remoto

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