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Programa anti-crack da União fracassa no Rio de Janeiro

Após um mês, a operação contra o crack na Zona Sul do Rio de Janeiro, com a parceria do governo federal, retirou 1.528 pessoas das ruas — 1.424 adultos, seis crianças e 68 adolescentes.

As informações são do Correio Braziliense.

Cerca de 40% delas, entretanto, já abandonaram os abrigos e o tratamento ofertado em busca da droga. A Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio fez o recolhimento compulsório de cinco menores de 18 anos. Quanto aos adultos, explicou em nota, não é possível obrigá-los a deixarem as ruas. O alto percentual de usuários que voltaram às cracolândias escancara não só a dificuldade em lidar com o dependente de uma droga devastadora, evidencia também a falta de uma rede de saúde verdadeiramente preparada para tamanho desafio.

No Rio, de acordo com a própria Secretaria Municipal de Saúde e Defesa Civil, as medidas deabertura de novos serviços na rede de atendimento “ainda estão em fase de implantação”.Existem apenas dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps) para atender usuários. A ideia é ampliar para seis. Quanto aos leitos em hospitais gerais, a intenção será mais que dobrar, passando dos atuais 20 para 45. “Embora a iniciativa demonstre alguma vontade política deresolver o problema, o que vemos é mais um ensaio midiático do que botar a mão na massa deverdade”, afirma Carlos Salgado, ex-presidente e membro da Associação Brasileira de Álcool eDrogas (Abead).

Para o indivíduo muito comprometido, que já se fixou na rua em função da dependência, Salgadodefende a internação inicialmente. “O usuário grave precisa de um local seguro e protegido, alémde uma equipe altamente motivada, coisas que nós não temos na rede pública. E não é só na área de drogas. O diabético grave, nas grandes cidades, também tem dificuldade de conseguir o seu remédio, de marcar consulta. Se precisar de internação, então, está frito”, compara Salgado.

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde ressaltou que já foram investidos R$4,9 milhões, além de ampliado o teto financeiro para os Caps, em 2012, totalizando R$ 13milhões previstos para o ano — 40% superior ao transferido em 2011. Outros repasses, quetotalizam R$ 3,5 milhões, ocorrerão ao longo do ano. Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Sul,além do Rio, são os únicos estados que aderiram ao plano nacional até agora. Bahia, Santa Catarina, Acre e Distrito Federal serão os próximos da lista.

Segurança
Na área da segurança, a ação mais notável é a permanência de 150 homens da Força Nacionalde Segurança Pública, no morro Santo Amaro, base da operação contra o crack, desde o início da ação, em 18 de maio. Embora o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, não se canse deanunciar o uso de câmeras em pontos estratégicos das cracolândias para fazer monitoramento erastrear traficantes, até hoje tais equipamentos não entraram em funcionamento. A Secretaria deSegurança Pública fluminense, que recebe os recursos do governo federal para comprar osequipamentos, alega sigilo para não dar detalhes, mas confirma que as câmeras ainda não estãoem uso.

40%
Quantidade de usuários que já abandonaram o tratamento em um mês

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