Alzheimermed Norton Sayeg
Uma das queixas mais comuns em idosos é a perda da memória
É tão frequente que, infelizmente, ainda existe a crença de que se trata de um evento normal e inexorável do processo de envelhecimento.
Isso não é verdade.
Isso é comum, mas não é normal.
Melhor: trata-se de um problema, muitas vezes, passível de tratamento e cura.
Acontece que, até pouco tempo, a medicina não estava instrumentalizada para o manejo adequado dessa questão; diante de uma queixa de comprometimento intelectual, nada era feito.
Pior: indicavam-se certos produtos sem nenhuma sustentação científica, que, evidentemente, não apresentavam resultados, privando o paciente de uma avaliação geriátrica correta e do tratamento efetivo.
Não existem drogas que “melhorem a memória”.
Geralmente, a perda de memória é devida a algum fator que, se corrigido, devolve ao indivíduo a função que estava prejudicada.
O grande vilão é o uso de calmantes e remédios para dormir, os hipnóticos.
Os brasileiros são grandes consumidores de tranqüilizantes, e é extremamente comum que o uso indiscriminado dessas drogas (tendo em vista que, à medida que envelhecemos, vamos tendo maior dificuldade para eliminá-las) intoxique o usuário, levando-o a quadros graves de rebaixamento intelectual, agitação, delírio e confusão mental.
A simples retirada do medicamento, muitas vezes, resolve o problema.
Outra causa é a depressão, que em idosos caracteriza-se por dificuldades para dormir, mudança no padrão de apetite e perda de memória.
Assim, se em vez de tratar a depressão o paciente recebe um medicamento para dormir, estaremos apenas cuidando de um sintoma e a memória será ainda mais prejudicada.
O tratamento de estados depressivos é eficaz e seguro, fazendo com que a memória seja restabelecida e o sono, regularizado, sem a necessidade do uso de medicamentos.
Outras causas são silenciosas; não têm sintomas exuberantes e, por isso, são difíceis de serem diagnosticadas.
Entre elas estão; a diminuição do desempenho da glândula tireóide (hipotireoidismo), o uso de certos medicamentos para pressão alta, gastrite etc., problemas sensoriais como a visão e especialmente de audição, a falta de estímulo sócio-intelectual, deficiência de certos nutrientes, abuso de álcool etc.
Percebe-se claramente que essa questão está longe de ser um problema insolúvel.
A informação é fundamental para que, ao primeiro sinal de comprometimento da memória, se faça uma investigação clínica completa, para identificação da causa e instituição imediata do tratamento.