Insistir na privatização da Casal para que o “livre” mercado resolva os graves problemas da companhia de água e saneamento é uma narrativa cruel.
A elite alagoana reclama de esgoto jogado nas praias frequentadas pelo turismo local. Até a Polícia Federal será acionada contra o crime ambiental.
Ignora, por exemplo, que o riacho Salgadinho despeja esgoto sem tratamento na praia da Avenida. As campanhas eleitorais nem prometem mais sanear a praia mais central da capital.
Ignora que a população sem água para beber vai atrás de bicas para encher seus garrafões ou garrafinhas. Porque a crise econômica não impede apenas a água encanada e tratada da Casal em casa. As pessoas não têm dinheiro para pagar a taxa de consumo da estatal. E recorrem à solução de sobrevivência dos ancestrais.
Por que, ao invés de se pensar na venda, a proposta não é a universali
zação da água e do esgoto?
Crer que o neoliberalismo resolverá os nossos impasses carrega um tanto de ingenuidade e perversidade.
A água também é uma questão social. E questões sociais não são resolvidas com o cacete da polícia. Por isso que a democracia é um sistema tão salutar. Permite o debate e o entendimento mas também a lógica. Soluções autoritárias são para as pessoas que acreditam em uma democracia sem povo. Essas têm currículo conhecido na esteira histórica brasileira.