Não basta ser mulher para receber todas as honras da evolução, assim estamos aprendendo, quando estudamos a sociedade e as hastes variadas que brotam do poder dominante.
O patriarcado aprendeu a utilizar fazeres de mulheres para defender com mais afinco seu legado de dominação. Puxando pela memória não será difícil lembrar de uma personagem despótica vestida de amplos vestidos e saias rodadas, pois elas também participam da montagem do poder.
Dentro da falada disputa de narrativa, a mulher é atraente demais. E, enquanto parceiras de homens poderosos, tantas vezes elas assumem o chicote, dão as ordens e sentenciam a punição. Por isso, é importante não cair no conto da intencionalidade, e saber identificar qual perfil de mulher trabalha pela libertação comum.
O surgimento das “grandes líderes” em movimentos de cunho evangélico é um fenômeno que rompe este tempo, geralmente na exibição de grifes e discursos inflamados na honra de uma deidade exclusivista, que olha apenas para os filhos, maridos e lares das convertidas.
São mulheres que pregam contra o feminismo. Se declaram femininas em contraponto da identidade feminista.
Servem ao patriarcado e são recompensadas por ele quando assumem cargos, lideram multidões e apontam envolvimento político partidário com capacidade de negociação.
Estudam a reação das demais, se apresentam como vozes do empoderamento e ocupam espaços para assegurar o domínio estrutural, sem mudar nenhuma vírgula do contexto geral.
Não conhecem o termo “bem comum” e fogem do chamado ao despertamento político, movimentando outras formas de convencimento de massa. São papéis carbono dos homens com quem se relacionam e oferecem rostos femininos como ornamento da condução machista e misógina que combate a libertação e autonomia real da mulher.
Portanto, não basta ser mulher para merecer a nossa confiança, nossa adesão e apoio.
Sejamos críticas com relação a estes perfis e exercitemos a nossa força interior para nunca precisarmos de líderes, nem grandes nem medianas, porque todas nós somos capazes de lutar pelos nossos objetivos, que vão desde a sobrevivência e segurança, às manifestações individuais e coletivas das mulheres no mundo.
Se não souber o significado de irmandade, solidariedade, e respeito, já deixa sinal intrigante.
De cá, as observamos para melhor compreendermos a sagacidade do poder dominante, e o manuseio criativo que faz sobre ‘empoderamento feminino”, um termo cheio de camadas e intencionalidades distintas, pois não basta ser mulher para ser “empoderada” por nós outras.
Este assunto é longo, mas merece que iniciemos a análise.