Há anos o Hospital Geral do Estado virou centro especializado de tratamento de câncer, mesmo sem estrutura para isso. Doentes são encaminhados para os corredores do superlotado hospital para morrer. Todas as associações médicas em Alagoas sabem disso, incluindo o Conselho Regional de Medicina (Cremal).
Também há anos o defensor público Ricardo Melro denuncia tamanha desumanidade. Os hospitais especializados ou credenciados pelo SUS não recebem os pacientes oncológicos. Para não definharem em casa, eles procuram o HGE.
De novo, esta semana, o defensor se reuniu com a diretoria do maior hospital de Alagoas para tratar dos pedidos de socorros dos familiares destes pacientes. Eles querem que hospitais especializados assumam a função que lhes cabe, afinal existe um convênio (e dinheiro) entre a Secretaria de Saúde e estes hospitais.
Mas o poste mija no cachorro: são os hospitais contratados quem mandam no contratante.
Grosseria, caro leitor, é ter um familiar aguardando 80 dias para ser transferido a um hospital especializado para aquele tratamento.
Quando era deputada estadual, Jó Pereira ajudou a criar o Fundo Estadual de Combate ao Câncer. Mas, para funcionar, precisa de uma assinatura do governador Paulo Dantas.
Enquanto isso, o HGE vai novamente superlotando até estourar uma crise, novamente sem precedentes. E, como mostra Melro, esta crise não é nem criada nem construída pelo povo e sim pela gestão pública. Alguém ganha com o caos. Só não quem é vítima dele.
