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Por que o plano Brasil Mais Seguro não funciona em Alagoas?

Seis meses após o lançamento do plano Brasil Mais Seguro em Alagoas, a execução do plano que prometia envolver setores tão diferentes- do Tribunal de Justiça a Assembleia Legislativa- virou discurso. E o discurso não ganhou as ruas.

No dia 27 de junho, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo prometeu a contratação de 1.040 policiais militares, mais 400 policiais civis, injetando R$ 25 milhões em Alagoas, que lidera os índices de violência no País. O Estado teria de oferecer uma contrapartida de R$ 65 milhões.

Era uma promessa grande demais a quem tem verba de menos e paga R$ 35 milhões por mês a União, em juros da divida pública.

Falou-se em quarenta delegados, 240 agentes de polícia, 120 escrivães. Além de novas viaturas, um IML, quarenta câmeras instaladas nos lugares mais violentos.

Com uma estrutura armada e profissionalizada até os dentes, outros setores contribuiriam com ações mais simples. A Secretaria Estadual de Educação e Esportes, por exemplo, abriria as escolas aos finais de semana, em áreas onde os jovens são covardemente assassinados por R$ 10- a dívida do tráfico- ou mortos por motivos ainda mais banais. E as escolas em tempo integral, finalmente, sairiam do papel.

O plano completa seis meses no próximo dia 27 de dezembro. Novos policiais civis e militares não foram contratados. As escolas não abrem nem aos fins de semana nem em tempo integral nem sequer tem estrutura para funcionar todos os dias. O monitoramento por câmeras segue em ritmo lento, cabisbaixo até.

O mega- plano de segurança que Alagoas precisava não envolveu setores da sociedade civil organizada. E não vale citar a OAB, uma sucursal do Palácio República dos Palmares.

O plano não saiu do tom festivo nas cerimônias governamentais. E as tantas ideias ou discussões estão restritas ao Conselho Estadual de Segurança, a sala do secretário de Defesa Social e uma mensagem, pelo twitter, do governador, reproduzindo um elogio que nem a presidente Dilma Rousseff tem coragem de dizer publicamente: o plano Brasil Mais Seguro está dando certo em Alagoas.

Não diz em público porque o plano não funciona. Não há um sistema integrado de informações, o IML alagoano entrou em greve três vezes, após o anúncio festivo do Brasil Mais Seguro porque o colapso é uma realidade imperecível. Nenhum número circense do ator Marcos Frota esconderia que o investimento para a formação dos policiais é conversa de corredor.

Alagoas ainda espera as tais ações de médio e longo prazo. As de curto prazo são minúsculas. Como os elogios de boca fechada da presidente Dilma ao governador Teotonio Vilela Filho.

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