Tempos de ódio. Notícias falsas se espalham o suficiente para sufocar dúvidas ou quem duvide delas.
Ideias vão sendo aceitas sem muita reflexão. Há nelas superficialidade e pragmatismo o suficiente para serem executadas.
Cansados, os ouvidos de boa parte da população não dão credibilidade a juizes, deputados, senadores.
Os “homens de bem” precisam de proteção. Precisam ser justiçados.
Mas, precisam quem lhes justice. Alguém que suspenda os conceitos de civilização e civilidade. E entregue, terceirize a cada um suas próprias resoluções.
“Policiais estão na UTI; os bandidos estão nas ruas”.
Jair Bolsonaro surge como expressão destes tempos do ódio. Contra o assassinato de mulheres? Uma arma dentro da bolsa. O problema social da favela? Fuzilamento.
“Nós faremos voltar a valer a força”.
Nas redes sociais, grupos estão à espera. Finalmente, a brutalidade sairá do armário.
Nos interiores alagoanos, o uso de armas de fogo é ostensivo. Só precisa de alguém com poder suficiente para lhes autorizar o disparo.
Caminhos das fazendas, chácaras, nas estradas de barros, nos canaviais, entre os que plantam feijão, macaxeira, inhame.
É para que os bandidos, com eles, “não tenham vez”.
A qualquer momento, a arma e a alma se encontram. A alma será lavada com sangue. Tudo isso aceito socialmente nestes grandes grupos de um Brasil profundo. Atirar. Revidar.
E alimentar os mais de 60 mil assassinatos/ano registrados nas estatísticas deste país.
É o império dos covardes.
Quem grita? Se junta a quem morreu.
Quem cala? Consente.
É para que esta ordem social abaixo do nosso tapete continue a ser a solução dos nossos conflitos.
Bolsonaro revela os desejos de terceirizar os conceitos de civilização.
São os desejos do cada um seja por si. E Deus por todos.
Seus marqueteiros perceberam isso.
O resto é gravidade.