“Quem semeia misturas, mal pode colher trigo” (padre Antônio Vieira)
O atual estágio de degradação da democracia também combina com a baixa qualidade dos parlamentos, escolhidos pelo povo.
E o povo não é somente influenciável. Também influencia, também é sujeito de suas prioridades, além de seguir as engrenagens da maquinaria do mundo capitalista, cuja democracia é um estorvo e vai sendo substituída por sistemas onde o mesmo povo vai tendo cada vez menos escolhas.
Um mendigo e o motorista de um carro possante conversavam, na rua, sobre o problema de um banheiro único para homens e mulheres. Presenciei a cena. O mendigo estava preocupado com Lula porque o mundo teria banheiros deste tipo. O motorista do carro possante lhe dava razão. Estávamos na tensa disputa presidencial. Fiquei me perguntando qual banheiro aquele mendigo usaria naquele dia. Haveria algum?
Em uma borracharia, o funcionário me disse que não queria o filho estudando numa escola onde o professor ensinava os alunos a fazerem sexo entre si. Perguntei quantas escolas ele conhecia que faziam isso. Não sabia me responder, mas me garantiu “ter visto no zap”.
Será ingenuidade? Ou alcovite? É a crença do vale-tudo, no jogo da canalhice, para vencer o outro?
Alfredo Gaspar de Mendonça, do União Brasil, é um dos deputados a assinar o pedido de impeachment contra o ministro da Justiça Flávio Dino “após duas visitas da “dama do tráfico amazonens” em sua pasta”, diz o Estadão.
É ridículo Mendonça assinar um pedido de impeachment influenciado por argumentos tão chulos, seguindo deputados do porte de Coronel Telhada ou Sargento Fahur.
(Aliás, a própria palavra impeachment vai ficando vulgarizada, sinônimo de brincadeira de coleguinhas).
O deputado alagoano foi chefe do Ministério Público Estadual. Chegou ao topo de sua atuação no MP pelas capacidades que possuía. E parece ter deixado todas elas por lá. Eu achava estranho que, no comando da Secretaria de Segurança Pública alagoana, alguns dos seus bajuladores fossem deputados estaduais cuja ficha corrida preenchia um Código Penal quase por inteiro.
Na Câmara, Alfredo Gaspar revelou-se quase uma síntese de deputados como Nikolas Ferreira. Repito: o ex-chefe do MPE alagoano tem qualidades intelectuais de sobra para fazer uma oposição séria, qualificada, liderar uma direita que rejeite golpismos, com coragem de enfrentar o esgoto derramado pela extrema direita e abandonando princípios proto nazistas do “bandido bom bandido morto”.
Uma direita também para além da imposta pelo centrão.
Mas Gaspar- como na SSP- parece estar cercado dos elogios perigosos que gosta de ouvir. Cá me pergunto: qual seria a resposta dele se um assessor lhe oferecesse uma peruca para ele “causar” no plenário da Câmara e virar deboche nas redes sociais.
Se rolar ladeira abaixo e sem freios é a regra, o deputado vai encontrar a parede de pedra para esborrachar a própria credibilidade.
Porque o circo das redes sociais deve sempre continuar.
Uma resposta
Exatamente assim!