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Política e a inquietação dos espíritas

Há pouco tempo pude ouvir pela internet – em uma live, ecos de vozes federativas que comentavam sobre os espíritas que militam social e politicamente no Brasil, como fossem estes uns tipos previsíveis de “açambarcadores” da doutrina com intuitos partidários e eleitoreiros.

Ares de ironia (civilizada e caridosa) rondavam as falas, pois tais seres por certo não teriam conseguido compreender Kardec, que segundo diziam, não era favorável a nenhuma abordagem política nos centros espíritas. Quem quisesse se eleger para cargos políticos deveria ir para bem longe do Espiritismo, asseveravam.

Falaram muito sobre a ideia mediana de vivência espírita e não conseguiram ir além. Fechando o debate com jargões e frases também previsíveis, como caridade sem envolvimento político e amor sem compromisso histórico e social.

Há menos tempo ainda pude encontrar um texto grande que circula nas redes sociais com abordagem endereçada aos políticos que estão buscando votos no meio espírita seja à direita ou à esquerda. Trabalhado em sobejo moralismo e investidura asséptica (como os irmãos gostam) poderia ser excelente informativo se por trás de cada palavra não existisse a intencionalidade de desqualificar a ação política diante da magnitude do Espiritismo.

Entre aqueles e estes, estou optando pelos que ousaram sair da linha traçada e jornadeiam entre os acertos e os erros para resgatarem a ponte que liga Sociedade e Espiritismo pelas vias da atuação histórica mais política e menos assistencial.

A maioria dos que conheço não estão candidatos a nenhum cargo político neste pleito, e os poucos que estão, muito nos alegram pela iniciativa, afinal, são excelentes cidadãos demostrando que além das bagagens adquiridas no convívio com espíritos e espíritas, possuem ideais de comunidade e utopias transformadoras.

Política em si, não desvirtua o Espiritismo, mas ao contrário, pode dele receber acréscimos de valores que devem colaborar para o alcance de outros estados sociais, com a valorização da vida e do ser para além das barreiras de classe, raça, orientação sexual, crença religiosa e similares.

Está cada vez mais óbvio o desconhecimento da maioria dos instituídos sobre os espíritas progressistas e suas pautas à esquerda ou anarquistas; e pela forma arrogante como aqueles se portam, por certo ainda levarão muito tempo para que arrefeçam as defesas prévias e opinativas e consigam dialogar.

Confesso que ficaria muito satisfeita se pudesse nesta e em muitas eleições ter a oportunidade de encontrar e votar em candidatos que além de militantes sociais, progressistas e de esquerda, fossem irmãos espíritas.

 

 

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