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Policiais usaram sacos, algemas, socos e choque elétrico em sessões de tortura

A denúncia de tortura que envolve o delegado Geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, e mais oito pessoas, contra um preso acusado na morte do policial Anderson Lima e do vigilante Aldessandro Ferreira Silva, incluía sacos colocados no rosto para provocar sufocamento, socos em diferentes partes do corpo, choques na língua, algemas apertadas, acusações com palavras depreciativas e prática de peculato por funcionários públicos.

As informações são do Gazetaweb.com, que teve acesso à denúncia do Ministério Público Estadual, que foi entregue à 2a Vara Criminal da Justiça Estadual.

A Justiça pediu 10 dias de prazo aos acusados para que eles se defendam do caso.

Segundo o Gazetaweb.com, os policiais civis Laércio Casado dos Santos, Antônio Marcos de Lima e Alexandre Simões foram acusados com base nas leis federais nº 9.455/97, a Lei de Tortura, e a de nº 4.898/65, de Abuso de Autoridade por invasão de domicílio. A acusação contra eles foi feita por Lilian Kelle Alves de Lima, que seria namorada de Livânio Silva, o ‘Paulista’, acusado de ser um dos responsáveis pelo plano para assaltar a agência.

Segundo a denúncia, os agentes teriam invadido a residência dela, na tarde do dia 12 de novembro, ‘ilegal e criminosamente’, no Conjunto Virgem dos Pobres I, quadra 61, nº 16, no Trapiche da Barra e promovido uma sessão de “agressões físicas e morais”: “(…)foram dados muitos socos no rosto de tal vítima, (…) na cabeça, pancadas com o cabo do revólver (…)”. Xingavam Lilian Kelle com expressões como “bandida sem vergonha”, “prostituta” e perguntavam pelo “seu macho”’, diz o site Gazetaweb.com.

O taxista José Adriano de Freitas também acusa a polícia da prática do crime de tortura. Ele teria sido “algemado para trás e deitado no chão com um pé de coturno sobre a cabeça” e fora chamado de “matador de polícia”. “(…) os policiais diziam que iriam matá-lo e perguntavam onde estavam as armas”, relata o MPE/AL. Isso teria acontecido na casa de uma namorada do acusado de envolvimento na tentativa de assalto à Caixa e nas mortes de Anderson e Aldessandro.

Levado à Deic, “(…)ele foi torturado com diversos chutes, socos, choques elétricos e pauladas.(…) a todo momento policiais entravam no local e batiam nele (…) nas costas, dando murros no fígado, chutes, dando uma voadora na sua cabeça”. A denúncia ainda aponta mais supostas práticas de tortura, através de choque e tentativa de sufocamento: “(…) levando choques nos pés (…), os quais eram dados (…) com uma tomada descascada e um frio branco. (…) a seguir, um policial colocou em sua cabeça uma espécie de máscara de borracha, toda fechada, (…) até ele começar a ‘bater’ as pernas, sem respiração, quando foi retirada a máscara e recebeu um outro murro na nuca”.

Procurado, o Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol) descartou envolvimento dos policiais em práticas criminosas. Na semana passada, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) chamou as vítimas de “bandidos” e diz ter “total confiança no delegado Paulo Cerqueira”.

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