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Polícia para caçar professores anti-Bolsonaro nas universidades

Durante a campanha eleitoral do ano passado, um arcebispo do interior de Alagoas, numa pregação, disse que se a facada não matou, elegeria. Todos entenderam que ele falava e apoiava a candidatura de Jair Bolsonaro.

Em missa na avenida Paulista, no último domingo, um sacerdote da Liga Mundial Cristã disse que Bolsonaro foi escolhido por Deus para enfrentar os comunistas, socialistas, a esquerda, o mal, o atraso.

Padres ou sacerdotes ou pastores podem atuar como militantes em ambientes públicos.

Mas, o advogado-geral da União, André Mendonça, pediu ao STF que autorize operações policiais nas universidades públicas para coibir o viés ideológico de professores.

Trocando em miúdos: quem criticar Bolsonaro pode ser alvo da polícia ou até preso.
Para o AGU André Mendonça, professores têm de ter comportamento imparcial. Isso quer dizer que ser militante é crime. Com direito a polícia na porta da sala de aula para fiscalizar, subjetivamente, cada conteúdo.

A Constituição Federal proíbe a censura. Garante a liberdade de expressão. Como o padre e o sacerdote que se manifestaram favoráveis ao presidente da República. E como no ano passado o Supremo Tribunal Federal garantiu a liberdade de pensamento e manifestação nas universidades durante a campanha eleitoral.

Desde o início da era Bolsonaro que os professores contrários ao Governo são criminalizados. Porque Bolsonaro não leva adiante um Governo. E sim uma tentativa de emplacar interesses particulares no dia a dia do país.

Crianças filmadas cantando o hino nacional, lendo frases de apoio ao Governo; o movimento de ódio a política e aos políticos, sacrificando conscientemente um estilo democrático de vida brasileiro, ao mesmo tempo em que se fortalece o poder em extratos privilegiados, como a reforma da Previdência quer levar adiante em nome “dos interesses supremos da nação” seus cortes, sem mexer nos mais altos salários do país. E eles não estão nas universidades.

Os interesses privados estão acima dos interesses públicos. E o que não é crime agora virou risco de caneta no texto da Constituição, sem precisar passar pelo Congresso, tudo em nome de uma parte expressiva da cegueira nacional.

31 anos depois da Constituição Federal, ainda estamos debatendo sobre censura e liberdade de pensamento. Porque existe um antigo padrão de dominação: o povo tem de ficar de fora das discussões nacionais, criando, contra ele, uma sensação permanente de medo e insegurança.

Mas, nesta quinta, o povo vai estar nas ruas. Para mostrar que a era Bolsonaro está em crise. Participação social não é caridade. É dever democrático.

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