Ícone do site Repórter Nordeste

Pnud diz que Rio + 20 foi um fracasso

Estado de Minas

O texto do documento conclusivo da Rio+20 permanece distante do ponto final. Integrantes do Programa de Desenvolvimento da ONU (Pnud), um dos departamento mais ativos na conferência, já classificam o ritmo das negociações como um fracasso. A inflexibilidade dos países ricos em se comprometer com metas de longo prazo, principalmente da Europa e os Estados Unidos, continua sendo o maior freio no caminho para um consenso entre as 193 nações.

“A sensação é de fracasso. Estamos em ano eleitoral em diversos países, entre eles os Estados Unidos, mas, ainda assim, esperava-se outra abordagem dessas nações. O que estamos vendo é uma enorme resistência diante das propostas de longo prazo. O (Barack) Obama, presidente dos Estados Unidos, não vai admitir nenhum acordo que coloque em risco sua reeleição, por exemplo”, revelou um funcionário de alto escalão da ONU.

As dificuldades em avançar em temas considerados fundamentais durante a Rio+20 não são surpresa para a ONU. O Estado de Minas teve acesso a um comunicado interno enviado pelo secretário-geral adjunto do Programa de Desenvolvimento, Olav Kjorven, no dia de abertura da conferência. Ele alertava que as rodadas de negociação ocorridas antes da Rio+20, os chamados comitês preparatórios, pouco evoluíram. No documento, Kjorven classifica os debates até aquela ocasião como “decepcionantes” e previa que as reuniões agendadas para o Rio iriam trazer pouca novidade: “Parece pouco provável que esta reunião (…) será capaz de resolver todas as questões pendentes”, afirmou, o que vem se confirmando até agora.

No mesmo texto, o representante do Pnud diz que “parece improvável que uma seção de economia verde vá surgir das negociações”. Diz ainda que “o sucesso das negociações pode depender, em parte, das habilidades dos negociadores brasileiros” .

Ontem, o Brasil assumiu efetivamente a presidência da Rio+20, passando a ser responsável pela mediação das discordâncias. Até o fim da tarde, havia consenso de somente 38% dos tópicos do documento. Ainda assim, o ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, afirmou que pretende chegar à redação final até amanhã de noite, dois dias antes da primeira reunião dos chefes de Estado. De acordo com ele, a delegação brasileira conseguiu enxugar o texto de 80 para 56 páginas. Embora Patriota tenha argumentado que foram retirados trechos repetidos do documento, a redução se deu por pressão de representantes de outras nações, que exigiram a exclusão de alguns tópicos.

As principais divergências estão no item conhecido como “responsabilidades comuns, mas diferenciadas”. Esse tópico, basicamente, estipula as obrigações a todas as nações, mas em diferentes níveis, de acordo com o peso econômico de cada uma delas. Aos Estados desenvolvidos, na maior parte das vezes, principais poluidores, são impostas regras mais rígidas. “Essa é a questão central. Os países ricos teriam que pagar a maior conta do prejuízo ao meio ambiente. Os grandes desastres naturais, como secas e inundações, atingem principalmente países menos favorecidos, que costumam poluir menos”, explicou o funcionário da ONU. O financiamento das medidas de desenvolvimento sustentável é outro ponto de imobilidade nas negociações até o momento.

Sair da versão mobile