Plínio Lins- É jornalista
A Globo, como todas as demais redes de TV, faz jornalismo hipócrita e reportagens preguiçosas. Mas tem alvos.
Se quer atacar um governo adversário, basta fazer uma reportagem no Pronto-Socorro. Qualquer pronto-socorro. Em qualquer município de qualquer estado, e em qualquer horário, vai obter cenas chocantes para exibir e apontar culpados.
Vão encontrar com facilidade os mesmos problemas de sempre – macas nos corredores, gente chorando porque ainda não foi atendida, gente denunciando que o parente morreu porque foi mal atendido. Vai encontrar porque isso faz parte de todo pronto-socorro. Em Alagoas, em São Paulo, Santa Catarina, Brasília ou qualquer outro, o caos faz parte da rotina. Aqui e lá fora, do Canadá ao Japão. Se você duvida, basta ver ou rever o excelente filme “A invasão dos bárbaros”, que mostra imagens realistas de um hospital público (de ponta) no Canadá. Tem maca em todo lugar, caos pra todo gosto.
E se procurarem (não procuram), nossas TVs vão encontrar também, e com a mesma facilidade, muita gente que teve a vida salva ali dentro; velhos, crianças e adultos que chegaram quase morrendo e foram praticamente ressuscitados pelos pronto-socorros. Mas isso não interessa.
Da mesma forma, se as TVs procurarem (também não procuram), vão encontrar pacientes que vão ao pronto-socorro para curar uma dor de cabeça, fazer curativo num corte no dedo do pé ou até vomitando de ressaca. E o pronto-socorro, como não pode recusar paciente, fica superlotado. Isso também não interessa.
Pronto, falei o que todo mundo na imprensa está careca de saber. Mas a ordem de cima é atacar, de preferência com imagens que chocam. É mercadoria que nunca vai faltar. Basta pegar na prateleira e exibir.
