O biólogo José Geraldo Marques é um personagem importante nas discussões em torno do fenômeno geológico no bairro do Pinheiro.
Isso porque o depoimento dele ao Ministério Público Estadual ajudou- entre outros- a lastrear a ação que pede o bloqueio de R$ 6,7 bilhões da Braskem, dinheiro para indenizar os moradores do bairro e outros locais da cidade, se ficar constatada a responsabilidade da empresa ligada à Odebrecht.
Marques foi o primeiro secretário do Meio Ambiente quando o governador era Divaldo Suruagy. Isso no final da década de 70, quando a Braskem- então Salgema- começou a funcionar. Ele era contra a instalação da fábrica onde hoje ela está, no Pontal da Barra.
Mas, a Salgema foi instalada e mais de 40 anos depois pode ser apontada como causadora do afundamento do bairro- explorando o produto que lhe rendeu fama e muito dinheiro.
A formação de profundas cavernas a muitos quilômetros de profundidade mexe com o solo e a vida dos moradores.
Daí vem o futuro: como serão indenizados estes moradores? Eles serão indenizados?
Na entrevista a Ricardo Mota, neste final de semana, Marques disse que não se pode esperar que a Braskem vá reconhecer ser a responsável pelo fenômeno geológico.
Até porque ela vai elaborar seus próprios laudos, com seus próprios cientistas.
Ele pede que exista pressão da sociedade.
Existem muitas ideias para o futuro do Pinheiro. Até a formação de uma área de proteção ambiental.
Mas, como ficam os moradores?
A batalha judicial- ainda mais considerando nossa Justiça cara e lenta- promete ser longa e os resultados imprevisíveis.
Exemplo é o desastre na cidade mineira de Mariana. Três anos depois, ninguém responsabilizado pelo crime, nenhum morador indenizado.
No primeiro round, MP e Defensoria Pública conseguiram o bloqueio de R$ 100 milhões da Braskem, que vai recorrer, assim como os dois órgãos públicos, para estender o valor.
Fora as outras ações, que deverão passar pelas três instâncias da Justiça, num prazo que pode durar 1 ou 2 décadas.
A depender, é claro, da pressão da sociedade.
Hoje tem protesto, promovido pelo Sindpol, em frente à Braskem.
É pouco mas um fundamental primeiro passo.
Até porque não se sabe, oficialmente, o quê ou qual a extensão do fenômeno geológico no Pinheiro, Mutange e Bebedouro.
Respostas devem chegar no final do mês.