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PIB bilionário mostra tragédia social alagoana

Os números do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados nesta quinta-feira, 14/11 mostram o tamanho da injustiça social em Alagoas.

Alagoas é um estado rico. Tanto que em 2022 gerou R$ 76,07 bilhões. Se este dinheiro fosse dividido por igual para cada alagoano, seriam R$ 24,2 mil.

Não é bem assim. 81% da população recebe até 1 salário mínimo: R$ 1.412.

Do outro lado, apenas 1,1% ganha acima de 5 salários mínimos.

Como comemorar estes números?

A cada 3 alagoanos, dois estão inscritos no CADÚNICO: dois milhões de pessoas. Para uma população de três milhões.

Desde sempre existe uma crença sebastiana, convenientemente espalhada pelas instituições, de que o nosso desenvolvimento e a correção das injustiças estão logo ali, na esquina.

É um jogo que dura 350 anos.

Foi assim com os engenhos e bangues, depois usinas, depois fábricas, setor de serviços etc etc. Sempre se alimentou a proposta de que eles nos trariam os tais potes de ouro, no final do arco-íris.

As eleições municipais mostraram esse fenômeno. Frases nas campanhas como “o desenvolvimento continua”, “para avançar mais”, “o progresso…” abundaram. Crença na falta de criatividade dos marqueteiros? Sim, mas também o exercício de escárnio dos gestores.

Eles sabem: a miséria alagoana é uma fábrica de mentiras e de votos.

Não é coincidência demais gestores guiando carros de luxo em lugares paupérrimos e alguns promotores de justiça e juízes olhando à egípcia o descarado crescimento patrimonial?

Também não é coincidência que o melhor portal transparência da Assembleia Legislativa ou das câmaras de vereadores seja a garagem destes prédios? Carrões exibem poder, status mas também impunidade, inimputabilidade, temor.

Os pouco escolhidos, entre investigados e investigadores, tambem dividem a mesma garrafa de uísque. Ou vinho.

Porque coincidências não existem. Há indolência, farsa. Não acaso.

O quase desconhecimento sobre nós mesmos ainda torna Alagoas refém dos travestidos de heróis, com atuação justificada pelo Poder. É tempo demais para não enxergar o óbvio. Ou será tempo de menos para o amadurecimento do olhar?

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