Pesquisadores brasileiros e americanos estão em Sergipe executando um estudo para estimar o risco de extinção de espécies de répteis e anfíbios no mundo diante do aquecimento global. A pesquisa acontece no Monumento Natural Grota do Angico, localizado no município de Poço Redondo, no Alto Sertão do Estado.
“Estamos identificando, entre outros fatores, a temperatura preferencial dos répteis e anfíbios no habitat natural; as temperaturas críticas mínimas e máximas, que apontam as limitações dos animais diante das condições climáticas; o desempenho deles em diferentes temperaturas; e a umidade do ambiente para os anfíbios”, explica o professor da UNB, Guarino Colli.
O estudo tem como objetivo realizar o mapeamento das áreas de preservação ambiental, indicando se são realmente adequadas para a sobrevivência dos animais. “No contexto das mudanças climáticas previstas, as áreas de preservação ambiental podem não ser adequadas para a manutenção da vida dos animais. É um meio de avaliar como as espécies respondem às mudanças climáticas e averiguar quais aquelas que mais sofrerão com o aquecimento global”, detalha o professor Daniel Mesquita, da UFPB.
A pesquisa faz parte de um projeto mundial coordenado pelo Instituto de Estudos da Ecologia e Evolução dos Impactos Climáticos da Universidade da Califórnia e está acontecendo em diferentes países. No Brasil, o mesmo estudo realizado em Sergipe está sendo executado no Cerrado e na Mata Atlântica com a finalidade de identificar como os répteis e anfíbios se comportam em diferentes biomas do país.
“Queremos compreender como o aquecimento global pode afetar o comportamento das espécies de fauna e flora no mundo e como a intervenção humana pode agravar ainda mais a situação. Toda esta questão implica em conseqüências para nós humanos, já que essas mudanças podem interferir na disponibilidade da água no mundo”, alerta o diretor do Instituto de Estudos da Ecologia e Evolução dos Impactos Climáticos da Universidade da Califórnia Barry Sinervo.
A conclusão do projeto está estimada para acontecer em três anos. Toda a equipe de professores permanecerá em Sergipe ao longo de uma semana, período em que estão treinando os estudantes envolvidos no projeto para que possam dar continuidade ao estudo e melhorar a qualidade da amostragem nas suas respectivas áreas de atuação. “Todas as informações coletadas serão combinadas para compor o estudo”, finaliza o professor Guarino Colli.
A rede de pesquisa está sendo financiada pelo governo brasileiro, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), e de agências norte-americanas, como a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid), Fundação Nacional de Ciências (NSF) e a Academia Nacional de Ciências (NAS).
*Com informações da SEMARH/G1