Perícia Oficial estava acéfala desde junho

Desde junho o coronel Roberto Liberato entregou sua carta de renúncia ao secretário de Defesa Social, coronel Dário César. Liberato era chefe da Perícia Oficial. Entre ele e os peritos havia uma distância do tamanho de uma cratera lunar. A crise no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, em Maceió, acelerou a ponto de ele fechar as portas. 120 corpos, em uma greve de peritos, foram enterrados sem necropsia.

O conflito é shakespeariano: estão mortos na vida real, vivos no papel.

Com a diferença que o fantasma, de longe, não era o do rei da Dinamarca, assombrando Hamlet. Mas, o espectro pairava em Dário César.

Sem palco, não há Hamlet. Sem IML, não há Perícia.

A era Liberato chegou ao fim nesta terça-feira, 14 de agosto. Por cansaço dos peritos. E das famílias desoladas, sem poder declarar, no papel, que seus mortos não eram fantasmas. Estavam mortos.

No lugar de Liberato, entra o perito João Alfredo Guimarães, concursado há 10 anos. O novo chefe da Perícia Oficial estava na reunião da secretária Nacional de Segurança, Regina Miki, em que ela pediu o fim da greve. Naquele encontro, nem a palavra do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) tinha valor. Apenas a da secretária.

O perito terá uma  tarefa: encontrar uma solução aos 120 corpos- ele disse que vai se reunir com o Tribunal de Justiça e o Ministério Público Estadual- para declarar a exumação dos cadáveres e evitar que neles o carimbo “morte indefinida” não seja colocado.

Isso porque Alagoas não aguenta mais a impunidade como o caminho mais  fácil aos seus problemas. Que também são os meus. E os seus.

 

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