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Penalidade máxima a uma mãe alagoana

Quando pensamos que já vimos tudo, aparece o inimaginável bem à nossa frente. A penalidade máxima por morar em Alagoas, precisamente em Maceió, está corporificada em Isabela Falcão, mãe de Gabriela, a mais jovem vítima da violência que caracteriza nossa terra.

Essa senhora perdeu toda sua família em menos de dois anos, todos assassinados! O marido, o filho de apenas 15 anos e agora Gabriela de 10 anos. Parece um conto de horror! Mas não é, chame isso de realidade alagoana.

Não isolamos uma única causa para essa tragédia, mas estudos e relatórios feitos por instituições sérias tem nos alertado de que aqui é o pior lugar para se viver. A depender dos gestores públicos, irá de mal a pior, pois que não admitem que marcham na direção contrária à vida por prezarem demasiadamente pelo próprio bem-estar.

Quem está ao lado de Dona Isabela agora? A dor é apenas sua. Uma capa de indiferença esconde o medo. Nossa covardia tem o tamanho da nossa submissão ao poder; mesmo que tenhamos sido nós mesmos os legitimadores desse poder.

Os herdeiros das tribunas e gabinetes já estão discutindo quem será o próximo ganhador, novas eleições estão batendo à porta, e nós votantes não estamos associando essa onda de violência à omissão política, estamos preferindo engolir a lorota de que a culpa é do tráfico, apenas.

Enquanto não assumirmos com maturidade todos os riscos de pensar, questionar, conhecer, criticar, para votar com responsabilidade, haverá miséria, e a miséria produz morte.

O pior dos conjuntos conseguimos acumular, miséria versus impunidade! Somos um povo entre o riso e a lágrima, qualquer um pode ser a próxima vítima. Isabela Falcão, no entanto, incorpora hoje a pior das condições que esta terra impõe. Sua solidão aqui não encontra mais consolo. Ainda que não possa modificar nada a seus olhos, para ela nossa solidariedade e luta contra as políticas da morte e a omissão criminosa.

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