O homem suspeito de ter assassinado um policial militar e um passageiro dentro de um ônibus no distrito de Cruz de Rebouças, Igarassu, na última terça-feira (27), se entregou para a polícia na tarde desta quinta (29). Gilson Severino Avelino, de 29 anos, confessou ter assassinado o PM Elias Gonçalves Miranda, de 46 anos, por ciúmes. A outra vítima, o estofador Célio Bueno de Melo, 35, teria morrido porque se assustou e tentou correr. Mesmo com a confissão, os argumentos não convenceram o delegado que investiga o caso, Orcélio Ribeiro, e o suspeito, que respondia no regime semiaberto a três processos por duplo homicídio e tráfico de drogas, teve um mandado de prisão expedido e foi encaminhado para o Centro de Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.
Muitos familiares do PM foram para a sede do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Imbiribeira, no início da noite para ver o homem que teria matado o militar. Clamando por justiça, tios e primos encararam o suspeito durante seu encaminhamento ao Cotel. Para os parentes da vítima, o suspeito disse estar arrependido e afirmou estar embriagado durante os assassinatos
Em depoimento, o suspeito disse que o militar estaria flertando com sua namorada, chegou até mesmo a lhe entregar um bilhete com seu número de telefone. A alegação, no entanto, não condiz com as imagens registradas pelo circuito interno de segurança do ônibus que fazia a linha Igarassu/Cidade Tabajara, onde o policial e o estofador foram assassinados. As duas vítimas foram mortas quando o veículo passava pela BR-101 Norte. De acordo com as imagens, Gilson Severino teria entrado no ônibus acompanhado da namorada na cidade do Paulista e percebido que o policial portava uma arma. O suspeito passou a viagem observando a vítima e o revólver calibre 38. Em Igarassu, tomou o armamento e executou o PM com um tiro na cabeça e outro no braço. O suspeito fugiu depois do crime levando a arma.
As mesmas imagens, segundo o delegado, provam que o policial militar não cortejou ninguém. “O argumento dele não condiz com o que vimos na gravação”, explicou. A mulher envolvida no caso ainda não foi identificada, mas sua participação também será analisada. “O cobrador do ônibus disse que o policial realmente conversou com a mulher, mas sobre amenidades. Nada que comprometesse ou indicasse a ‘paquera’, mas não vamos descartar nada”, complementou o investigador.
O militar – lotado em Santa Cruz do Capibaribe – teria pego o ônibus ao sair do Curso de Formação de Cabos, no Paulista. Segundo informações repassadas por amigos da vítima, normalmente ele voltava para casa de carona e sem o fardamento, mas nesta noite estava apressado e resolveu não esperar. Seguiu de ônibus e com a farda.
Gilson Severino cumpria pena no regime semiaberto na Penitenciária Agroindustrial São João, em Itamaracá. Foi condenado a 30 anos por um duplo homicídio que aconteceu em 2001, em Ponte dos Carvalhos, no Cabo de Santo Agostinho, responde a um processo por tráfico, condenado a 17 anos, e outro também por comercialização de drogas ilícitas, somando mais 11 anos de pena. Nesta tarde, ele contou para os agentes penitenciários da PAI o que havia feito e foi conduzido à sede do DHPP.
As informações são do Diário de Pernambuco
