Partido Pirata quer disputar eleições

Objetivo é defender a pirataria no País
Carlos Braga (esq.) e Leandro Chemalle já estão coletando as assinaturas necessárias para oficializar o partido. Foto: Mauro Horita/Terra

Terra

O Partido Pirata do Brasil – que ainda é somente um coletivo de pessoas organizadas sob um ideal comum – está prestes a se tornar um partido oficial, reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em entrevista exclusiva ao Terra, o paulista Leandro Chemalle, 33 anos, e o carioca Carlos Frederico Braga, 38 anos, afirmaram que a coleta das 101 assinaturas necessárias em nove Estados para a abertura do pedido de fundação de um partido político já está acontecendo. E, em maio deste ano, eles rumam a Brasília para oficializar o partido e poder disputar as eleições de 2014.

O Partido Pirata do Brasil nasceu há cinco anos, dentro da primeira Campus Party. Após quatro anos de discussão sobre se manter um coletivo de pessoas ou se organizar como força política, somente no ano passado os membros bateram o martelo pela segunda opção. Segundo Chemalle, que é fotógrafo e funcionário da Universidade do ABC, em São Paulo, a bandeira do partido será a do compartilhamento. “As pessoas precisam entender que pirataria é sinônimo de compartilhamento de bens não materiais, como ideias. Se eu lhe digo uma idéia e você compartilha comigo a sua, saímos da conversa com duas ideias novas”, explicou.

O objetivo principal é ter legitimidade legal e o reconhecimento do Estado de direito para poder falar para as pessoas que as leis antipirataria em voga atualmente ao redor do planeta – como o Pipa e o Sopa, nos Estados Unidos – são um meio errado de regular a propriedade intelectual e os direitos de uma obra. Para Chemalle, a mídia confunde a palavra “pirataria” com “contrafação”, que significa a reprodução não autorizada de bens materiais, como tênis, bolsas e relógios.

“Eu ando de trem no Rio de Janeiro. A maior parte das pessoas que estão lá usa os celulares chineses e baixa conteúdo. Elas estão tendo acesso e aprendendo. Se você cortar isso, você fará com que o povo tenha um retrocesso na cultura”, disse Braga, complementando que, em diversas partes do País, o camelô é o grande promotor da cultura e a internet proporcionou um modelo que, se aproveitado pela ideia de compartilhamento de conhecimento, levará a humanidade para um futuro com mais justiça.

A fundação do partido para a propagação das ideais dará à organização, inclusive, um CNPJ. Isso, no entanto, não garante por si só a possibilidade de concorrer às eleições. Para isso, é preciso a assinatura de cerca de 500 mil pessoas – um número que corresponde a 0,5% dos eleitores do Brasil. “Queremos aproveitar as próximas eleições de 2012 para angariar assinaturas na porta dos colégios eleitorais. Isso não é boca de urna. Se 500 piratas fizerem isso, conseguimos uma quantia considerável”, falou Braga.

Questionados sobre se a organização política não interferiria no ideal pirata da não-hierarquia, ambos explicaram que o objetivo não é esse. “O representante no Congresso precisa ser um avatar, e não alguém que decide por todos”, afirmou Braga. Na Alemanha e na Suécia, por exemplo, representantes eleitos no governo usam uma webcam constantemente ligada para que, quando surge a discussão de uma lei, os outros membros possam assistir e ajudar a decidir. “Para mim, o Partido Pirata só faz sentido se for um movimento partidário”, finalizou Chemalle

Campus Party 2012 A Campus Party, o maior evento geek do planeta, realizado em mais de sete países, acontece entre os dias 6 e 12 de fevereiro de 2012. A sede é o Pavilhão de Exposições do Anhembi Parque, na zona norte de São Paulo (SP). Pelo quinto ano consecutivo no Brasil, a edição de 2012 já começou batendo recordes: todas as entradas foram vendidas em 22 dias em setembro do ano passado.

Com 7 mil participantes, sendo 5 mil acampados no local, a Campus Party oferece neste ano mais de 500 horas de conteúdo. Os principais nomes desta edição são Michio Kaku, conhecido como o “físico do impossível”, Sugata Mitra, pesquisador e professor de Tecnologia Educacional da Newcastle University, Julien Fourgeaud, gerente de produtos e negócios da Rovio,  John Klensin, pesquisador do MIT, e Vince Gerardis, co-fundador da Created By, entre outros.

A programação do evento tem transmissão ao vivo pelo http://live.campus-party.org e aqueles que quiserem interagir com a transmissão pelas redes sociais podem enviar perguntas para os palestrantes. As hashtags exclusivas para cada uma das áreas de conteúdo são: Ciência – #cpbrCI; Cultura Digital – #cpbrCD; Entretenimento Digital – #cpbrED; Inovação – #cpbrIN e Palco Principal – #cpbrMainStage. A hashtag oficial do evento é #cpbr5.

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