Repórter Nordeste

Parentes e amigos de engenheiro de pesca desaparecido em naufrágio protestam no Recife

JC Online

Foto:Reprodução

Quase duas semanas depois do desaparecimento do engenheiro de pesca Rivaldo Segundo, de 31 anos, no mar, alguns amigos já se conformam que ele possa não estar mais vivo. É o caso do também engenheiro Bruno Pantoja, organizador do ato que será realizado nesta sexta-feira (19) em protesto às condições de trabalho dos especialistas em pesca e em homenagem às vítimas do naufrágio da embarcação Horizonte 2.

O ato está marcado para as 16h, no Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), que fica no bairro de Dois Irmãos, Zona Norte do Recife. Parentes e amigos de Rivaldo vão fazer um minuto de silêncio e um abraço ao prédio do departamento.

A embarcação Horizonte 2 naufragou no último dia 4, na divisa entre a Paraíba e Pernambuco, quando saía do Recife para pescar atum depois de Fernando de Noronha. Sete dos nove tripulantes foram resgatados com sucesso depois de mais de 72 horas à deriva. Continuam desaparecidos apenas Rivaldo – capitão do barco – e o pescador Flávio Antônio Patriota, 20. Outro tripulante relatou ao NE10 o momento em que o jovem desistiu de tentar se salvar.

No protesto desta sexta-feira, serão elaborados dois documentos: um manifesto quanto às condições de trabalho e o descaso das empresas de pesca e dos órgãos públicos em relação à atividade dos engenheiros de pesca, além do Programa de Ordenamento da Pesca Industrial, intitulada de Programa Engenheiro de Pesca Rivaldo Segundo.

“O poder público ainda não se manifestou sobre o acidente. É necessário apurar todas as circunstâncias. Não queremos que outros engenheiros de pesca e pescadores desapareçam novamente”, explica Bruno Pantoja. O engenheiro denuncia que houve omissão e negligência.

Para ele, o perigo da profissão aumenta quando os engenheiros não têm acesso a boas condições de segurança no trabalho. Entre as denúncias estão a de que as embarcações não são devidamente vistoriadas e não passam por manutenção.

Navios e barcos devem ter dispositivos que alertem as autoridades – no caso do Brasil, a Marinha – e outras embarcações sobre possíveis acidentes, além de rastreadores e localizadores. Equipamentos de segurança, como os coletes salva-vidas, devem estar dispostos em lugares de fácil acesso. “Na Horizonte 2, não estavam”, denuncia Pantoja.

De acordo com o engenheiro, a balsa não pode estar amarrada e os tripulantes devem passar sempre por cursos de salvatagem, através do qual aprendem atitudes importantes em caso de acidente, como ficar juntos aguardando a balsa cair e inflar e escolher um líder para comandar o procedimentos de sobrevivência até que sejam salvos. Engenheiros de pesca e pescadores não podem ainda, segundo ele, entrar em pânico. “Com acesso a condições adequadas, a profissão ficaria ainda mais rentável e menos perigosa”, completa o engenheiro.

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