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Para mim Alagoas é uma interjeição, disse Sávio Almeida

Em Audiência Pública, a Câmara de Vereadores de Maceió abriu um leque de reflexões e debate, sobre a prática de extermínio juvenil, na cidade que outrora sorria, e hoje chora, as mazelas trazidas pela violência.

Violência, que é consequência.

Para Sávio Almeida, “se nós temos essa pecha de ser os mais violentos, precisamos saber onde o crime está.”

A pergunta feita pela Comissão Especial de Inquérito estava posta: Por que os jovens morrem em Maceió?

Almeida diz: “Não é possível dá uma resposta à pergunta formulada. mas o importante é que a pergunta existe.”

Demais, falar sobre violência não é tão objetivo quanto as propagandas do governo de Alagoas nos faz pensar. Pois que não se alcança tudo no entendimento policialesco. Embora a polícia figure como elemento importante na repressão e combate à criminalidade.

Porém, Almeida nos diz que “os dados parecem demonstrar que existem duas polícias em Alagoas; uma em Maceió e outra no interior do estado. As duas parecem não conversar muito.”

Quantos jovens têm sido vítimas da ação policial armada? Ninguém consegue precisar. Além das inúmeras justificativas para a ação policial acontecer banhada em sangue, a própria sociedade, equivocada em seu clamor, compreende a mortandade de jovens como uma “assepsia social”.

Sávio Almeida reitera: “Juventude precisa de formação, renda, saúde, condições mínimas para existir.”

Eu mesma afirmo que nossos jovens nascem e morrem sem essas condições, haja vista, os índícadores sociais vigentes em Alagoas. Ou seja, já aportam nesta terra herdeiros da condenação, originária da classe social dos pais.

“O Estado abastardou a sociedade civil”, em concordância com Almeida, acrescento que a versão neoliberal a conspurca! A visibilidade da sociedade civil está cada vez mais embaçada, longínqua, saudosista!

Sua crítica se faz cômica: “Para mim Alagoas é uma interjeição: oxe! Um lugar onde toda mentira tem a possibilidade de ser verdade! As pessoas deixaram de pensar para acreditar em truques”.

“É uma coisa esdrúxula o que foi feito com o estado de Alagoas!”

“O povo comete crime, mas nós damos as armas”!

A vala social incontrolável que nos separa, gera os efeitos dissonantes com os quais somos obrigados a conviver. A riqueza do corrupto impressiona o eleitor, sua vítima. A força de morte do agressor, o faz herói, revestido em largo manto de impunidade. Nunca mata, paga para outros matarem.

Atravessa a política partidária e seus manuseadores. Decidindo vida e morte, pobreza e riqueza…

Completa Sávio Almeida: ” Luxúria e miséria; do luxo para a luxúria”!

Todos os solucionadores de violência que importamos vão falir em seu propósito. Pois se exterminarem 500 jovens em delinquência ou não, 5000 novos bebês miseráveis estarão em rota de substituição, em curto espaço de tempo.

A luta por uma sociedade de paz deve focar Políticas de Paz: satisfazendo as necessidades reais dos indivíduos, naquilo que se compreende como condições dignas de sobrevivência.

Exibir fuzis e negar educação, jamais fará de Alagoas um estado pacífico, e os jovens de Maceió continuarão no abatedouro social, tudo mais será marola, diante da onda de injustiça que nos assola.

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