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Para além do voto feminino

A conquista do sufrágio universal representa a quebra de algumas barreiras que expressavam mais fortemente o poder do latifúndio vinculado às questões da política patriarcal, como o voto censitário, mas também a inclusão do analfabeto e da mulher nas decisões nos pleitos eleitorais brasileiros.

A luta feminina pelo direito ao voto começou com a fundação do Partido Republicano Feminino no Rio de Janeiro. Em 1932, há oitenta  anos atrás, o então presidente Getúlio Vargas promulgou por decreto-lei o direito das mulheres votarem e serem votadas.

Contudo, essa conquista não encerra em si toda a necessidade de fortalecimento de direitos civis e sociais para a consolidação da democracia no Brasil.

A situação da mulher no espaço da paridade de direitos não está no nível desejado, as políticas públicas que contemplam esse aspecto materializam a cidadania no papel, calhamaços de documentos bem escritos que dormem em estantes institucionais.

A realidade política da mulher brasileira arca com o desafio da reprodução social e cultural da mentalidade machista. Muitas eleitas assim o fazem. Desde a permissão da manipulação da própria condição feminina na sequência de projetos carreiristas dos patriarcas, como esposas e filhas que entram na política a partir dos maridos e pais, até aquelas que aderem às práticas da corrupção e omissão, inimigas da qualificação social.

Portanto, votar é importante, ser votada é necessário, mas ser politizada é essencial! Façamos essa reflexão neste aniversário do sufrágio feminino no Brasil e avançemos como mulheres e cidadãs rumo aos parlamentos com a meta de transformá-los em ambientes de qualificação social e humana para as coletividades.

Uma resposta

  1. A participação da mulher vem se tornando cada vez mais presente nas áreas antes dominadas pelo gênero masculino. Tenho com bons olhos esse fato, ainda mais em sua participação na política, não apenas por serem a maioria do eleitorado – principalmente em Alagoas – mas também por uma questão de justiça histórica.
    Entretanto, não podemos culpar os homens pelos desvios de personalidade, mau caratismo e outras mazelas, que fazem parte da psique social… é muito cômodo chamar de mentalidade machista a postura equivocada que algumas mulheres assumem diante de situações antes só vividas pelos homens, por serem eles os que dominavam a cena.
    Há muito essa realidade não se posta dessa forma. As famílias não são tão mais patriarcais quanto o são matriarcais, principalmente no nordeste, onde a criação dos filhos centra-se na mater.
    Educação machista? Em sendo a mãe a figura principal do seio familiar,essa teoria não vinga mais como desculpa. Prefiro pensar que seja mesmo uma questão mais da individualidade, que reside em todo o ser humano indiscriminadamente.

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