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Palavras livres para Odilon Rios

Outro dia um jornalista querido me disse em diálogo espontâneo que “as palavras escorregam como areia, são livres!” E vibrei de alegria diante do poema que nascia.

Quero continuar amando as palavras livres, e jamais confundir esta liberdade com qualquer tipo de letalidade.

Palavras que se movimentam como as areias das nossas praias, bailando ao som do vento que também chicoteia nossa pele, a veste humana da vulnerabilidade animal, corpórea e exposta.

Ter o cuidado no dizer que abre caminhos em tempos de ruídos incessantes. Precisar falar é característica de vida em interação, mas quem criou o coro sarcástico feriu o mote da audiência.

Quem resolveu disputar likes sai falando o que maioria não consegue concatenar, e de tantas palavras misturadas não comunica, apenas exibe esgares.

Eis o carinho pelo zelo vocabular! Meu desvelo por quem diz sem desrespeitar.

Nosso país não é feito somente de uma dor, e na raiz dos males capitais bem poucos não foram vítimas da força. Não ecoo exclusões de nenhuma cor, de nenhuma pele, de nenhum olhar, porque minhas palavras não são usadas para sufocar!

Pelas frestas dos dedos escorrem vidas. Nelas todas algumas razões foram sacrificadas, muitas emoções atadas, guardadas. Não usarei palavras para apedrejar!

Mesmo que nos momentos sanguíneos tenham explodidos faíscas, serão com erros que irei aprendendo a falar.

E quando escrevo, que fale para libertar!

Se não aguento o tom jocoso de bandos irônicos, que promova em meu próprio dizer a liberdade de voar, afastar, liberar de meu desgosto o que não posso nem devo querer mudar.

Ao jornalista poeta minhas palavras que escorrem como areia, livres, para falar sem maltratar.

SOBRE O AUTOR

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