Othoniel Pinheiro- Professor de Direito Constitucional e defensor público
Eu sei que nem de longe se pode comparar o MBL (Movimento Brasil Livre) com a antiga UDN (partido político de direita, antigetulista e apoiador do golpe de 1964).
Apesar de serem idênticos em alguns aspectos, inclusive na ideologia, a inteligência dos membros da antiga UDN, mesmo não sendo lá essas coisas, é absurdamente superior a inteligência dos jovens integrantes do MBL.
Analisando nas entrelinhas de suas propostas, percebe-se que as duas entidades carregam pautas como a do discurso vazio da moralidade e do livre mercado, discursos que têm suas raízes na própria cultura da elite brasileira do século XIX.
É interessante destacar que, ao observarmos os discursos da UDN e do MBL, facilmente se percebe a utilização de argumentos absolutamente contraditórios e de impossível aplicação conjunta na prática, mas que são aparentemente coerentes em virtude do modo pelo qual eles são utilizados. Neste caso, temos características como o moralismo, o enfoque policial dos debates políticos-ideológicos, o elitismo, o livre mercado, a ênfase na polarização da guerra fria e o desprezo pelo resultado das urnas.
Um dos aspectos mais interessantes, é que esses movimentos são capazes de fazer com que muitas pessoas passem a utilizar as cores verde e amarela e, ao mesmo tempo, defendam interesses do capital estrangeiro no território nacional.
O resultado não poderia ser outro: ambos saem pela latrina da história do Brasil.
A grande diferença é que o MBL não representou 1% do que foi a UDN, sendo bem mais desprezível e breve.
