BLOG

Os fatores que darão ritmo mais lento à economia alagoana nos próximos meses

O alto número de infectados e mortos na pandemia, conjugado à lenta velocidade da vacinação- em todo o Brasil e não apenas em Alagoas- além da estação chuvosa darão ritmo mais lento à economia alagoana, segundo estudo do professor da UFAL, Cícero Péricles.

A meta é alcançar 70% dos imunizados, o que deve acontecer no segundo semestre. Esse fator é muito importante porque quanto mais gente vacinada, menores serão os doentes e mortos, menores também serão as barreiras sanitárias. E isso altera a dinâmica do consumo.

Mais consumo significa mais pagamento de impostos, principalmente o ICMS. E quanto maior a arrecadação do ICMS, mais dinheiro haverá nos cofres públicos.

A arrecadação do ICMS representa 90% da receita tributária alagoana. O aumento da renda social, como o Auxílio Emergencial, impacta diretamente no consumo dos bens populares que, por sua vez, ampliam as possibilidades de aumento deste imposto.

Foi o que ocorreu no segundo semestre do ano passado, quando o ICMS cresceu em 10% em relação a 2019, sob o efeito do aumento do consumo.

Por isso, deve-se também levar em conta os efeitos da suspensão, de janeiro a abril, do auxílio emergencial e dos programas de atendimento às empresas. Quando estes programas voltaram a funcionar, vieram mais enxutos e com cobertura bem menor. “A suspensão desses três programas em dezembro passado impactou negativamente a economia estadual”, resumo Péricles.

A estação chuvosa, de março a julho, também é um fator importante no andamento da economia. O turismo representa 10% do nosso PIB e nesta época cai a quantidade de voos no aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares além da hospedagem em hoteis e pousadas.

A construção civil tem de adotar uma dinâmica diferente com as chuvas. E a safra da cana de açúcar- ainda a principal atividade agrícola em Alagoas- será em setembro. Não há neste período uma data que impacte o comércio e o setor de serviços, como o natal, o final do ano e o carnaval.

Com a projeção de vendas menores, entressafra e ritmo da vacina, o Boletim Regional do Banco Central, publicado em maio, aponta “um cenário ainda incerto sobre a retomada da atividade nordestina” para o próximos meses.

E depois disso? O cenário pode ser diferente, com indicadores melhores, mas isso vai depender da velocidade da vacinação, o que significa a compra de mais vacinas; a continuidade dos programas de estímulo às atividades econômicas (iniciativa do poder público) e o desempenho da economia brasileira no segundo semestre.

Segundo Cícero Péricles, é como se neste período houvesse uma preparação para a próxima etapa: comércio e serviços apostam nas vendas de final de ano; a estação seca e o verão abrem possibilidades para o turismo; a construção civil se movimenta para as obras de final de ano; e a cana-de-açúcar que deve iniciar em setembro sua safra 2021/2022, movimentando uma parte das localidades da zona da mata.

“Nestas novas condições, o PIB de Alagoas, que retrocedeu -1,56%, em 2020, deverá alcançar, em 2021, uma taxa positiva, como a apontada no levantamento da consultoria MB Associados, que prevê um crescimento para a economia alagoana de 2,67%, ante 3,17% da economia nacional”, diz o professor.

SOBRE O AUTOR

..