Quem manda em nós é a razão ou o sentimento?
Que importa esta resposta quando a vida mostra sua face objetiva, mostrando que a última palavra é dela?!
É um relato sem arrependimento na esperança de não reforçar o julgo. Minha esperança no final é conseguir agradecer a um amigo que foi durante muito tempo objeto de muito amor, mas caiu naquela poça jocosa do bolsonarismo e eu vi um vídeo no qual ele falou que “a facada quando não mata, elege” e senti a dor desta ferida me afastando dele.
Sim, eu me afastei de muitas pessoas por causa de Bolsonaro. Mas nesta história não foi de qualquer pessoa, pois se tratava daquele que me deu acesso aos primeiros estudos políticos que fiz, depois de me fazer perceber a fluência da minha leitura, a sagacidade da minha inteligência, e todo prazer que o contato com as artes, viagens em bandos cantantes e lanches deliciosos podiam me trazer.
Um amor filial por uma espécie de pai espiritual europeu. Era padre. Agora é bispo e está muito doente. Não sabemos se chegará a sair daquele hospital com vida, e se isso acontecer será um milagre bem recebido. Mas se vier a desencarnar, levará desde aqui o meu carinho e gratidão.
Conhecer seu estado de sofrimento me fez apagar todo ressentimento que cheguei a sentir, pois sendo italiano deveria saber o que o fascismo representa para a história de um país, mas esta cobrança está anulada. Agora lhe envio vibrações desse amor que me fez sorrir de felicidade mais vezes do que enrijecer o rosto de decepção.
Não posso lhe julgar mais. Mas posso lhe declarar minha gratidão pela pessoa que me tornei depois de conviver com você na adolescência e juventude, pela deliciosa melodia da entonação de sua língua pátria que se tornou objeto da minha paixão. Me piace parlare italiano!
Vida adulta. Distâncias. Te fiz uma visita em um final de semana, e fostes um cicerone gentil. Te apreciava ao longe. Ao longe também te sentenciei. Agora me aproximo de ti pela prece e rogo a Deus misericórdia em tua prova. Que as falanges espirituais que assistem os enfermos te visitem ladeadas por Maria Auxiliadora, a imagem maternal que cuida da tua fé.
Recebe meu coração, perdoa a humanidade dessa filha espiritual, que também te liberta de qualquer expectativa no respeito (ainda que tardio) ao teu arbítrio.
Te desejo cura e alívio, Dom Valério Breda.
