Operações policiais amansam línguas de Witzel e Bolsonaro

Wilson Witzel e Jair Bolsonaro são duas faces da mesma moeda. Têm discursos idênticos. Celebram os massacres da polícia. Seus discursos anti corrupção significam um vale-tudo acima das leis. Se pudessem, massacrariam seus opositores, implantariam regimes de exceção, trucidariam pessoas, a Constituição, o diabo.

Os mesmos interesses eleitorais em 2022 dividiram criador e criatura. Ou vice e versa.

A pandemia transformou as palavras do governador do Rio em navalha, retalhando o presidente da República.

Até que a operação Placebo, da polícia federal, que chegou ao governador e à primeira-dama, e o pedido de impeachment, que tramita na Assembleia legislativa do Rio, amansaram Witzel, que espera ser recebido por Bolsonaro num clima de armistício.

A polícia federal está subordinada a Jair Bolsonaro. Ele não faz questão de esconder isso. Nem de deixar de lembrar ou esfregar isso entre os federais e publicamente, como já o fez.

Nesta terça-feira, uma operação da Polícia civil (subordinada a Witzel) prendeu Fabrício Queiroz, amigo de Jair Bolsonaro, na casa de um advogado amigo de Jair Bolsonaro.

A operação abrandou a língua do presidente.

Murcharam as expectativas de uma resposta avassaladora, naquele tom altivo, debochado, de Bolsonaro.

Em sua live, não usou palavrões, não bateu na mesa, não xingou a esquerda, não culpou os comunistas.

Estava manso. Acuado:

“Não havia nenhum mandado de prisão contra ele [Queiroz]. Foi feita uma prisão espetaculosa. Pareciam que estavam prendendo o maior bandido da face da terra”.

“Por que ele estava naquela região de São Paulo? Porque é perto do hospital onde ele faz tratamento de câncer. Da minha parte, está encerrada o caso Queiroz”.

Frases ditas num tom medroso, ressabiado, sem muitos detalhes, rápidas demais para mais rapidamente livrarem a pessoa que as diz do silêncio comprometedor.

Afinal, quem fere com as palavras também pode ser ferido por elas.

Em tempo: uma delação premiada do Queiroz preocupa o presidente?

Tanto quanto as investigações da PF, no Rio, contra Witzel .

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