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Odilon Rios, o encantador de bode

Escrever sobre o trabalho de alguém com quem convivemos, ao invés de desqualificar o escrito e a intenção, ainda mais valoriza o feito, porque a margem de saberes estará mais alargada pela experiência de troca e observação.

É assim que não me faço de rogada ao escrever sobre o jornalista e escritor Odilon Rios, com quem convivo há algumas décadas, e me inspiro no empenho intelectual e literário que permeiam os seus dias.

Não é um “esforçado”, é um escrevinhador genial, contribuindo com sua formação e olhar diferenciado para a história do mundo, com o alcance das ideias, interpretações, entendimento e sensibilidade social.

O quarto livro do autor está saindo do “forno”, quentinho, instigante, com um título também genial: Bode pendurado no sino e Outras crônicas”, será lançado no próximo dia 22, com toda pompa que as ousadias merecem receber.

O primeiro livro de Odilon Rios foi escrito em co-autoria com esta que aqui registra, e traz como título “Bastidores da Violência (e dos violentos) em Alagoas”, um relato verdadeiro e sofrido da dor atroz que nos afetou como pais, em uma história que não precisava ter acontecido se nosso estado natal não conservasse um tino violento e criminoso em algumas noções de autoridade, vitimando nosso filho Alexystaine, primeiro com uma tortura que nunca esqueceremos, para alguns anos após ser assassinado e ter o registro policial de sua morte aos 16 anos na semelhança de um currículo de bandido. O resumo da história apenas o futuro organizará, mas como escritores completamos nossa parte em registro de uma luta por justiça que segue em detalhes de vida, ajudando o mundo a entender melhor o que é uma vítima e o que é um criminoso.

O segundo é “Alagoas 200”, feito no melhor estilo de livro-reportagem com personalidades dedicadas ao estudo de Alagoas em seus duzentos anos de emancipação política. Além de reunir intelectuais de referência, como Élcio Verçosa, Dirceu Lindoso e Sávio Almeida, esta obra traz nomes contemporâneos, e todos se voltam a detalhes sociais, históricos, econômicos e culturais que constroem o lugar em movimentos políticos que não devem ser negados, mas contemplados no intuito do entendimento profundo do que faz a terra mãe ser como é.

O terceiro livro de Odilon tem o título forte de “Alagoas, poder e sangue”. É resultado de um apanhado histórico em documentos antigos, feitos cuidadosamente pelo jornalista que coloca a serviço da arte literária o tino de bom apurador de fatos, para gerar análises importantes sob a intenção formadora de uma criticidade madura, que qualifica e informa ao mesmo tempo.

Neste quarto trabalho que será lançado, com o gênero temperado da crônica-jornalística, a narrativa é composta por fatos que permeiam a história comum das gentes diversas que passaram pelo chão de um tempo longínquo ou aproximado, atuando como personagens insubstituíveis dos eventos formadores de uma sociedade complexa, mantenedora de forças e fraquezas, onde o mel e o fel de ser brasileiro emerge em revoltas, passividades, horrores e amores, entre humores.

O bode em sua significância polimorfa, disputa com o sino o maior tom, comunicando ou confundindo no barulho do cotidiano, para quem tiver ouvidos para ouvir e curiosidade para fazer boas leituras.

Apreciem!

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