Observação diária é fator primordial na luta contra o pé diabético

Neide Brandão

O alerta para examinar os pés foi dado no domingo (13), na orla da Ponta Verde, por cirurgiões vasculares no Dezembro Verde para Prevenção ao Pé Diabético, projeto desenvolvido pelo Hospital Geral do Estado (HGE), com parceria da Endovasc e da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular. A ação teve ainda a participação de enfermeiros, nutricionistas, educadores físicos e acadêmicos de fisioterapia.

Dona Maria Célia Ferreira, de 58 anos, chegou logo cedo ao evento para garantir as orientações. Ela contou que é diabética há 18 anos e ao saber sobre o projeto percebeu que deveria participar por sentir “uma certa  dormência em um de seus pés”.

“Estou com uma feridinha e, apesar de saber muita coisa a respeito da doença, não imaginava que estaria tão próxima das consequências dela. Vou observar mais meus pés a partir de então e procurar seguir as orientações”, disse.

De acordo com o cirurgião vascular do HGE, Josué Medeiros, e um dos organizadores do evento, aproximadamente 500 pessoas receberam as orientações dos profissionais. Foram realizados atendimentos à população com testes de sensibilidade, aferição de pressão arterial, pesagem e aferição de IMC (Índice de Massa Corporal). Além de palestras sobre a diabetes, alterações ortopédicas no pé doente, os cuidados com a alimentação, com as feridas que venham surgir, a importância da atividade física e as recomendações pós-cirúrgicas quando se é preciso realizar algum procedimento na região.

O médico explicou que o pé diabético acontece quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. “Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações que possam levar à amputação do membro. É preciso ficar atento a ardor e dormências. A pessoa com esses sintomas deve procurar atendimento médico a cada seis meses e, sempre analisar seus pés, os ferimentos devem ser tratados imediatamente”, completou.

A turismóloga Gislaine da Silva Joventino, 33 anos, foi “intimada” pelos pais a leva-los à orla da Ponta Verde hoje. Ambos diabéticos, não queriam perder o evento. “Eles me disseram que nem pensasse em outra atividade para hoje, só se fosse após o evento. Tem que respeitar os pais, não é mesmo?”.

A mãe, Ively Lúcia Joventino, 55 anos, contou que é diabética há mais de 20 anos e que descobriu logo após o nascimento da filha. O marido é há cinco anos. “É a pior doença que existe! Ela restringe demais a nossa vida. Comidas, dores, dificuldades para caminhar, entre outras coisas. Já sinto meus pés dormentes, a circulação não está muito boa”, lamentou.

Cuidados preventivos

Para evitar possíveis amputações dos membros afetados, a pessoa diabética precisa mudar seu estilo de vida. “A alimentação deve ser mais leve, sem gorduras, carboidratos em excesso e açúcares, os industrializados necessitam ser evitados ao máximo, a água abundante e os alimentos naturais usados em todas as refeições”, recomendou a nutricionista Tatiana Barbalho.

A atividade física precisa ser uma rotina do diabético, caminhadas, hidroginástica ou natação podem ser associados à musculação, por exemplo, para fortalecer os membros inferiores.

Calos, cortes, frieiras, rachaduras e manchas não devem ser colocados em segundo plano. Os pés precisam ser mantidos limpos, as unhas, sempre cortadas no formato quadrado com cantos levemente arredondados e sempre com a cutícula (diabéticos não podem retirá-las).

Também é importante não cortar calos e não usar abrasivos, as meias devem ser sem costuras, de algodão ou lã, os calçados fechados, macios, confortáveis e com solados rígidos. “Caso se perceba algum formigamento, perda de sensibilidade, dores, queimação, sensação de agulhadas, dormências, além de fraqueza nas pernas, o médico precisa ser procurado com urgência”, orientou o cirurgião vascular Josué Medeiros.

O médico relatou que a finalidade dos organizadores do projeto é colocar o Dezembro Verde no calendário de eventos da instituição, orientando a sociedade sobre a gravidade das consequências da diabetes nos membros inferiores e minimizando os índices de pacientes graves na unidade hospitalar. Dos atendidos na Unidade de Cirurgia Vascular e Endovascular do maior hospital público de Alagoas, 90% são diabéticos e grande parte já teve algum tipo de lesão no pé.

 

.