O voto virou uma arma letal contra a democracia.
Lembram daquela brincadeirinha sobre o uso de algumas substâncias, que se aplicadas na dose certa viram remédio, mas se errar no uso viram veneno?
Pois bem. O voto errado vira destruição de mentalidades e direitos.
O legislador egóico, classista, preconceituoso e ignorante, associado a um executivo liberal e individualista baseado em fundamentalismos e crenças de privilégios, formam um coquetel letal contra o povo, se tornam inimigos da sociedade, com poderes de decisão sobre os destinos dela.
Já temos exemplos aberrantes em algumas partes do Brasil, que demonstram o avanço no neofascismo nas casas legislativas e poderes executivos, tudo sob a complacência de um judiciário mega privilegiado que tem interesse em uma sociedade de oprimidos, para assumirem cada vez mais a pompa de monarcas.
No estado de Santa Catarina foi instituído formalmente pelo governo o mês de defesa da propriedade privada, o abril amarelo; com a convocação de populações para a formação de algo com características de milícias.
No interior catarinense o funcionalismo perdeu o direito de ausentar-se do trabalho quando estiver doente, mediante apresentação de atestado médico, pois a prefeitura contratou uma empresa terceirizada, com médicos pagos pelo município para avaliarem o trabalhador, comprometendo a imparcialidade do diagnóstico, principalmente no casos de doenças “invisíveis” como depressão.
No estado do Paraná o executivo propôs a compra de um “canhão de água” para dispersar manifestações sob fortes jatos.
E existe também um município em Santa Catarina onde os vereadores fazem leitura obrigatória da bíblia antes de cada sessão pública. Isso parece lindo? Mas o estado brasileiro é laico e não deve fazer proselitismo religioso em espaços públicos.
Certamente a lista é maior, mas o nosso intuito é fazer uma reflexão sobre o uso de cargos públicos para usar decisões contrárias aos direitos civis e à própria Constituição, legalizando o arbitrário e transformando o executivo e o legislativo em inimigos da sociedade.
Existem vieses salariais, de valorização do trabalhador e oferta de condições de funcionamento do serviço público que são pontos de luta entre povo e governo.
Tantas lutas em condições desiguais já aponta para o vencedor.
Mas existe uma forma de virar a mesa. É através do uso da urna.
Mas enquanto a população está se exaurindo fisicamente, emocionalmente, economicamente, os políticos se transformaram em algozes bem nutridos, com um exército de auxiliares em outros poderes, para transformarem o Brasil em um feudo.
Não é possível jogar os malefícios da política para baixo do tapete. Eles estão saindo dos gabinetes e tribunas e assustando os vulneráveis, retirando sonhos de cidadania e tornando o Brasil um país de pobres sem direitos.
O fundamentalismo religioso mais as patentes militares na política brasileira são apenas uma demonstração do quanto é perigoso não se apropriar dos saberes necessários à vida em um país democrático. Eles estão distorcendo a democracia e cavando a cova da participação popular, para utilizar a punição como instrumento de política pública.
O Brasil está sob ameaça. O voto errado está nos condenando a viver momentos tenebrosos espalhados por todas as regiões, ainda que com características distintas.