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O risco histórico de Alfredo Gaspar

Neste final de semana ouvi um amigo jornalista enfatizando a necessidade de instituir-se um prêmio destinado a trabalhos na área de Direitos Humanos.

Nem preciso falar do meu contentamento diante de tal colóquio. Sentimos falta de reconhecimento público à importância desse conteúdo humanizador, em cenário de destroços da dignidade do ser, seja pela inação do poder naquilo que deve ou pelo excesso do poder em caráter arbitrário, certo é: estamos cada vez mais desumanizados.

Dois acontecimentos posteriores me levaram a pontuar estas linhas:

1. Outro assassinato juvenil em Matriz de Camaragibe. Mais um belo menino retirado da família à força de bala. Com todos os sentimentos que destino à vítima e seus familiares, mas, foi um outro menino comentando o crime, que me revelou a atuação precoce da ideologia desumanizadora sobre nossa sociedade. Não teria 12 anos de idade o comentador, mas reproduzia o pior discurso que Alagoas propaga, justificava o crime com frieza na voz, ares de pouco caso e certo gosto de punição.

2. Pessoas conversando sobre crimes afirmavam que o Secretário de Segurança Alfredo Gaspar havia dito que era pra matar todos aqueles que fossem pegos usando drogas e estavam aliviadas com essa determinação…e sabemos que o doutor não disse isso! Contudo, seus rompantes midiáticos na defesa de ações excessivamente violentas e com alto saldo de corpos, resultaram nessa mal compreendida orientação.

Conterrâneos de Alagoas, estamos desumanizados!

Além da pecha de analfabetos colada em nossa história social, regredimos na condição de seres civilizados.

Nossos posicionamentos políticos expostos neste blog nunca representaram birra contra policiais ou autoridades, mas um eco de preocupações mais intensas com o avanço da violência institucional, geradora e mantenedora das inúmeras formas de violência simbólica. Hoje, as nossas crianças estão contaminadas com o pensamento ruim e vergonhoso do ponto de vista humanitário mais singelo, ao acreditarem no assassinato como melhoria da nossa condição social.

Não deveria ser educação, acima de tudo?

Não deveria ser acesso a saúde integral?

Não deveria ser melhoria das condições habitacionais, culturais, emocionais?

Não deveria ser cidadania, emprego, mobilidade social?

Não! Não deveria ser o assassinato a melhor solução apresentada por Alagoas ao imaginário do seu povo…não deveria!

Ao senso de humanidade morto e sepultado, nossa dor renovada a cada dia. Urge desconstruir o mal sucedido paradigma para proteger e elevar o direito à vida.

 

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