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O que o Senado quer?

Editorial do O Globo

Todo colegiado, ou quase todo, alimenta o vício do coleguismo em graus variados. É uma consequência, dizem os observadores benevolentes, da convivência diária. Já os pessimistas definem o fenômeno como uma espécie de pacto de proteção mútua.

Quem quiser que escolha a sua definição do fenômeno. Ele acaba de ocorrer no Senado Federal, que reconduziu à sua presidência, por voto secreto (o que pode, quem sabe, ajudar a explicar o fenômeno), o político alagoano Renan Calheiros, do PMDB.

Se alguém na plateia já esqueceu – o que, no Senado é absolutamente impossível que tenha acontecido -, o político alagoano, cinco anos atrás, o que não é tempo suficiente para apagar a memória dos senadores, foi forçado a renunciar ao cargo debaixo de uma desmoralizante acusação, nunca desmentida.

Ele tivera uma amante, Mônica Veloso, e com ela uma filha (o que não é considerado pecado vergonhoso, no Senado Federal ou na sociedade em geral), que recebia uma pensão de R$ 12 mil mensais da empreiteira Mendes Júnior. Como a moça jamais prestara qualquer serviço a essa poderosa firma, resta ao pessoal da arquibancada decidir se a empreiteira tem uma política generosa de amparo a mães solteiras, ou se pagava uma dívida – de natureza não revelada, mas sujeita a definições alarmantes – com o pai da criança.

O caso amoroso é apenas um detalhe na biografia de Renan. Aventuras extraconjugais não são raras na vida pública. Mas a pensão paga pela empreiteira certamente provoca uma séria desconfiança de relações peculiares – para usar um eufemismo ingênuo – entre o senador-amante e a Mendes Júnior. Ele enfrenta, no momento, uma denúncia do procurador-geral da República, que o acusa de ter usado notas fiscais frias para justificar o seu patrimônio pessoal.

Os problemas pessoais de Renan talvez causem menor indignação na opinião pública do que algo que o Senado fez na semana passada: por 56 votos contra 18, o que matematicamente inclui votos da oposição, ele ganhou a presidência da Casa pela segunda vez (no primeiro mandato, foi forçado a renunciar sob acusações de corrupção).

Lamentavelmente, dirão os pessimistas, o Senado escolheu um presidente que acha que merece ter.

Todo colegiado, ou quase todo, alimenta o vício do coleguismo em graus variados. É uma consequência, dizem os observadores benevolentes, da convivência diária. Já os pessimistas definem o fenômeno como uma espécie de pacto de proteção mútua.

Quem quiser que escolha a sua definição do fenômeno. Ele acaba de ocorrer no Senado Federal, que reconduziu à sua presidência, por voto secreto (o que pode, quem sabe, ajudar a explicar o fenômeno), o político alagoano Renan Calheiros, do PMDB.

Se alguém na plateia já esqueceu – o que, no Senado é absolutamente impossível que tenha acontecido -, o político alagoano, cinco anos atrás, o que não é tempo suficiente para apagar a memória dos senadores, foi forçado a renunciar ao cargo debaixo de uma desmoralizante acusação, nunca desmentida.

Ele tivera uma amante, Mônica Veloso, e com ela uma filha (o que não é considerado pecado vergonhoso, no Senado Federal ou na sociedade em geral), que recebia uma pensão de R$ 12 mil mensais da empreiteira Mendes Júnior. Como a moça jamais prestara qualquer serviço a essa poderosa firma, resta ao pessoal da arquibancada decidir se a empreiteira tem uma política generosa de amparo a mães solteiras, ou se pagava uma dívida – de natureza não revelada, mas sujeita a definições alarmantes – com o pai da criança.

O caso amoroso é apenas um detalhe na biografia de Renan. Aventuras extraconjugais não são raras na vida pública. Mas a pensão paga pela empreiteira certamente provoca uma séria desconfiança de relações peculiares – para usar um eufemismo ingênuo – entre o senador-amante e a Mendes Júnior. Ele enfrenta, no momento, uma denúncia do procurador-geral da República, que o acusa de ter usado notas fiscais frias para justificar o seu patrimônio pessoal.

Os problemas pessoais de Renan talvez causem menor indignação na opinião pública do que algo que o Senado fez na semana passada: por 56 votos contra 18, o que matematicamente inclui votos da oposição, ele ganhou a presidência da Casa pela segunda vez (no primeiro mandato, foi forçado a renunciar sob acusações de corrupção).

Lamentavelmente, dirão os pessimistas, o Senado escolheu um presidente que acha que merece ter.

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